SEGUE-ME?

27 de maio de 2011

Only...


A única certeza absoluta que desejo ter na vida, é a de que eu não sou igual à ninguém mais.

[Naná]



6 comentários:

  1. IMORTALIDADE

    Viver eternamente é uma fantasia dos homens. Os animais não podem imaginar semelhante situação. Por que o sonho de prolongar indefinidamente a vida tem haver com o medo da morte que eles aparentemente não possuem:

    “Ser imortal, e insignificante. Com exceção do homem, todas as criaturas o são, pois ignoram a morte. O divino, o terrível, o incompreensível é saber-se imortal” (Jorge Luis Borges).

    (1) O tema da imortalidade sempre acompanhou a historia da civilização. As religiões ocuparam-se deles para tranquilizar os homens diante das incertezas da morte, praticamente todas pregam a sobrevivência da vida após a morte física do corpo, quase como uma continuação sem previsão de termino da aventura da vida. Não nos contentamos em abandonar o jogo enquanto todos ainda estão lá, queremos a participação permanente.

    A imortalidade da alma deriva dos conceitos étnicos da Índia, antiga Pérsia e do Egito. Depois os conceitos foram absorvidos por poetas gregos da antiguidade. Platão foi o primeiro a juntar esses conceitos numa teoria própria da imortalidade da alma, através da separação entre alma e corpo e, entre alma e mente:

    “Toda alma é imortal, por que aquilo que se move por si mesmo é imortal. O que move uma coisa e é por outra movida, anulasse uma vez terminado o movimento, somente o que a si mesmo se move nunca saindo de si jamais acabara por movesse, e é para as demais coisas que se movem fonte e inicio do movimento. O inicio é algo que não se formou, sendo evidente, que tudo o que se forma, forma-se de um principio. Este principio de nada proveio, pois que se proviesse de outra coisa não seria principio. Sendo o principio coisa que não se formou, deve ser evidentemente coisa que não pode ser destruída.” (Platão – fredoom).

    O que a si mesmo se move é imortal diz Platão, e isso não é outra coisa se não a alma, que não se formou e é imortal. O filosofo aqui parece chamar aqui aquilo que parece de fato “a vida”, ou seja, o que se move por si mesmo. Mas isso é tautológico, pois sendo vida um dia ela para de se mover-se, para o movimento e, isso não garante a imortalidade.

    ResponderExcluir
  2. 150 a.C. o conceito de imortalidade foi incorporado pelo judaísmo pelo pensador Filo de Alexandria, que agregou idéias platônicas ao velho testamento. No cristianismo propriamente dito, foi Atenágoras na mesma Alexandria 180 d.C. que introduziu a imortalidade na religião. O juízo final seria então o grande tribunal para julgar os atos dos falecidos e decidir sobre sua passagem ou não para a vida eterna. Da mesma forma o islamismo também fala de u juízo final, mas, antes dele os mortos deverão ir para um lugar intermediário (o ‘“Barzak”), onde a riquezas e virgens a disposição dos homens; essas imagens paradisíacas de sexo e riqueza infinitas trinavam também os contos de “As mil e uma noites”:

    “Circundada por altos muros de pedra negra e, com portões que nele estavam encaixados de forma tão perfeita que não se podia pela melhor das boas vontades distingui-los do muro, aparece à cidade de Messim no meio do deserto, não havendo portão, os emissários do califa improvisaram uma escada. Um deles sobe até o topo e então observa imóvel a cidade, bate as mãos e exclama o mais alto que pode” tu és bela”, e atirasse para dentro dela, lá ele é totalmente triturado com pele e ossos. Uma após outro sobem pela escada e, a cena repetisse a te que a expedição tenha perdido doze homens. Por fim, o único que sabia o caminho para Messim e, portanto, caminho de volta, o Sheik Abete..., sobe a escada. Era um homem sábio, viajado e muito velho; se ele também for seduzido pela magia, então, toda a tropa estará perdida. Ele sobe a escada ao mesmo tempo em que evoca ininterruptamente o nome Alá, o sublime, e reza orações de salvação até chegar ao alto do muro; ali bate palmas e olha imóvel para frente, o povo, contudo grita: “o grande sheik de Abete, não faça isso, não se atire lá embaixo”, mas ele começa a rir cada vez mais alto. Mais tarde, revela o brilho artificial que consegue ver: “quando eu estava no alto muro, vê dez virgens a contemplar a lua que me acenavam com as mãos que descesse até elas e, me pareceu que abaixo de mim, havia um lago cheio de águas”. Diante da sua religiosidade, e mais ainda, diante da sua idade, desfazia-se a magia do quadro sexual reluzente. O que numa cultura onde as mulheres tem que andar com véu, certamente exercia um encanto desconcertante”

    Também a imortalidade tem para os islâmicos, elementos dessa fantasia sexual, mais a feita, em verdade aos prazeres terrenos, do que a sublime vida no paraíso. Igualmente no budismo, depois da purificação e da iluminação, atinge-se a perfeita paz: o “nirvana”, que vai trazer a eterna bem aventurança e a imortalidade. Para os hinduístas, não existe a imortalidade, já que não se concebe efetivamente a morte uma vez que se reencarna, isto é, voltasse dentro de um corpo físico, há para eles um continuo de renascimentos e mortes que conduzem a um pleno conhecimento do ser.

    (2) A imortalidade tem dois sentidos opostos: as pessoas podem tornar-se imortais permanecendo vivas, ou pela sua própria morte. Neste ultimo sentido, a primeira condição de imortalidade é a morte, tratasse da imortalidade que as pessoas tentam preservar gerando filhos, produzindo obras, registrando-se em imagens, sons e todos os tipos de gravações.

    Platão já havia comentado esse tipo de imortalidade discutindo a eternização na fala de Diotima sobre o desejo de imortalidade.

    “É a natureza mortal que procura, na medida de suas forças imortalizar-se. Mas isso ela alcança pela procriação por que deixa sempre um individuo novo no lugar de um velho. É assim caro Sócrates, que o mortal, o corpo e outras coisas participam da imortalidade, de outra maneira isso seria impossível, não deves, pois, te espantar que todos os seres amem a quem procriaram, pois é devido ao desejo de imortalidade que ama e se desvelam”.

    Tratasse aqui de um consolo, uma sensação que minimiza nosso desconforto por temos plena consciência que não vamos durar eternamente.

    ResponderExcluir
  3. (4) Outro tipo de eternidade é aquele em que as pessoas continuam a viver, jamais morrem, atravessarem séculos e séculos buscando extrair o máximo de suas vidas. Essa sempre foi à fantasia dos alquimistas. Além de procurar transformar metais comum em ouro, além de procurar a panaceia, isto é, o medicamento de curar todas as doenças, os alquimistas do passado passavam a vida em busca do elixir da longa vida, da imortalidade, da fonte da eterna juventude - atualmente também temos “alquimistas” modernos.

    A alquimia se baseava na literatura oculta da China e do Egito, surgiu com Osone de Penápolis em Alexandria por voltados anos 300 d.C., era uma técnica voltada tanto transformação de metais em ouro quanto a encarnação e desencarnação dos espíritos, pois o ouro por ser eterno e por não se alterar, poderia oferecer a chave para o corpo e sua eterna regeneração.

    “Há uma quinta dimensão, além daquela conhecida pelos homens, é uma dimensão tão vasta quanto o espaço e tão desprovida de tempo quanto o infinito, é o espaço intermediário entre a luz e a escuridão, entre a ciência e a superstição, e se encontra entre o abismo dos temores do homem e o cume de seus conhecimentos, é uma região da fantasia, uma região além da imaginação.”

    Na década de 60, a televisão brasileira exibiu aquela que, talvez, foi a serie mais eletrizante que já passou na historia da TV deste pais: “além da imaginação”. A cada semana um novo capitulo de historias fantásticas, impossíveis, inacreditáveis, sempre jogando com o tempo, espaço cósmico, os enigmas humanos, e as grandes perplexidades do homem e da sociedade. Um dos programas chamou-se “A Longa Vida de Walter Jameson”, escrita por Rod Serling, ela descreve a historia de um professor norte americano que por obra de um alquimista, já estava vivendo a mais de 2500 anos, seu interlocutor e futuro sogro dizia-lhe que “aquilo”, afinal, “era o sonho da humanidade”, “que só vivendo para sempre a vida teria sentido”, mas, o professor Jameson, por experiência própria, não concordava mais com isso, “é a morte que justifica vida” dizia, “ama-se uma rosa porque sabemos que ela morrera, pode ser amar uma pedra?”, entretanto, seu interlocutor não se inconformova falando “pensei que se vivesse sempre seria mais sábio”, “não” respondeu Jameson “somente se vive, nada mais”. Mas na atualidade os ideais da alquimia foram reativados e incorporados na investigação cientifica, especialmente na pesquisa genética, e existem pessoas que aspira a imortalidade e acham que, sabendo levar, chegarão lá.

    “Um numero crescente de ciências e pseudociência preocupasse especialmente com o envelhecimento e a morte: a geriatria, a gerontologia, a tanatologia, a criontica, e o imortalismo. Tanto a solução medica quanto a social para a velhice, consideram velhice e morte, como uma imposição sobre a raça humana, nas palavras do novelista Alam Grerintom. Como algo não mais aceitável.” (Christopher Lasch).

    ResponderExcluir
  4. Ou seja, os homens encontram explicações e justificações cientificas e não-cientificas para alimentar seus sonhos infantis. Günther Anders diz que sofremos de algo chamado “doença da unicidade” , do fato de querermos ser únicos e insubstituíveis, e que isso, em ultima análise, remete ao medo da morte:

    “Se os produtos em serie ganharam através da sua substitubilidade a imortalidade, e se o ser humano é excluído da existência em serie e da substitubilidade, então, estará fora também fora da imortalidade. A experiência de que ele não é nenhuma mercadoria em serie, atua, portanto, como Memento mori.”

    “Memento mori” é uma expressão latina que quer dizer: lembre-se que você vai morrer. O filosofo aqui fala varias coisas; que alimentamos o sonho de sermos únicos, especiais, que vivemos da ilusão de nos equipararmos as maquinas, que basta trocarmos por novas peças para ficarmos novos outra vez e que, o fato de não sermos maquinas nos entristece. De fato, (como já explicado em outro lugar) cada vez mais homens e mulheres sonham em ver seus corpos transformados em maquinas, desejam ardentemente ver seus corpos como copias de modelos artificiais, como os produtos em serie, desejam que seu corpo receba peças, próteses metais, volumes de silicone, botos, e todos os artifícios para anularem sua origem animal e assumiram forma maquinica.

    No fundo ainda comenta Anders: “há no homem um desejo metafísico, enquanto espécie, de ser alguém especial no universo, são protestos desesperados contra a posição atual do homem nos cosmos, contra o fato de ele não ser nada, de não ter privilegio algum”. São estes sonhos antropocêntricos de homens e mulheres que se acham especiais no universo, e por acreditam poder encontrar a formula da vida eterna através da genética ou troca de “peças”, não passam de sonhos infantis de uma humanidade desiludida, ou que não se acertou com sua vida. Essa ilusão foi à religião que incutiu nos homens, de serem seres especiais, aquilo para a qual a obra da criação havia sido feita, e que por isso mereceriam a imortalidade.

    Jorge Luis Borges no conto “o imortal”, conta que prolongar a vida pode ser um meio de proteger a própria agonia:

    “Em Roma, conversei com filósofos que sentiram que ter a vida prolongada era prolongar a sua agonia e, multiplicar o numero de suas mortes. (...) A morte (ou sua alusão) torna preciosos e patéticos os homens. Estes comovem por sua condição de fantasmas; cada ato que executam pode ser o último; não há rosto que não esteja por dissolver-se como o rosto de um sonho. Tudo, entre os mortais, tem o valor do irrecuperável e do inditoso.”

    Em a “Escrita de Deus” Tzinacan, relata que fez a união com a divindade, que conheceu a roda divina:

    “Eu vê uma roda altíssima, que não estava diante dos meus olhos, nem atrás, nem nos lados, mas em todas as partes, a um só tempo, essa roda era feita de água, mas também de fogo e era, embora se visse a borda, infinita, entretecidas, formavam todas as coisas que serão que são e que foram e, eu era um dos fios dessa trama total. Ali estava às causas e os efeitos e me bastava ver essa roda para entender tudo interminavelmente.”

    Borges vê nesse sonho a velha aspiração do homem ser Deus, de conhecer-lhes seus segredos e roubar-lhe seu fogo sagrado, como o fez Prometeu na mitologia grega. O herói sabia que se se fala a formula de 14 palavras ele seria o todo poderoso, seria jovem e imortal, entretanto ele não quis isso, ele preferiu morrer com o mistério. Pois quem descobriu os mistérios não pode pensar no homem, diz Borges, em suas triviais aventuras e desventuras, mesmo que esse homem seja ele.

    ResponderExcluir
  5. (5) A imortalidade, dizem os poetas, não se confundem com esses sonhos pueris, de uma humanidade desiludida que acredita em contos de fadas, o eterno, dizem eles, esta nas coisas que amamos:

    “As coisas que amamos,
    as pessoas que amamos
    são eternas até certo ponto.
    Duram o infinito variável
    no limite de nosso poder
    de respirar a eternidade.

    Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
    dar-lhes moldura de granito.
    De outra matéria se tornam, absoluta,
    numa outra (maior) realidade.

    Começam a esmaecer quando nos cansamos,
    e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
    de aspirar a resina do eterno.
    Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
    Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
    rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

    Do sonho de eterno fica esse gozo acre
    na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.”

    (POEMA: Carlos Drummond de Andrade - A hora do cansaço)

    Nietzsche chamava a imortalidade de eterno tédio:

    “É para essa bela consciência de vocês mesmos que vocês desejam a eterna duração, isso não é descarado, vocês não pensam em todas as outras coisas que teriam de suportar em toda a eternidade, como vocês até agora já suportaram com uma paciência mais do que cristã.”

    "Outrora pensei: em tempos distantes
    Quando tiverem ruído as casas onde moro
    E apodrecido os navios em que viajei
    Meu nome ainda será lembrado
    Juntamente com outros.

    Porque louvei as coisas úteis, o que
    no meu tempo era tido como vulgar
    Porque combati as religiões
    Porque lutei contra a opressão ou
    Por um outro motivo.

    Porque fui a favor dos homens e tudo
    Coloquei em suas mãos, honrando-os assim
    Porque escrevi versos e enriqueci a língua
    Porque ensinei o comportamento prático ou
    Por qualquer outro motivo.

    Por isso achei que meu nome ainda seria
    Lembrado, em um pedra
    Estaria meu nome, retirado dos livros
    Seria impresso nos novos livros.

    Mas hoje
    Concordo em que seja esquecido
    Por que
    Perguntariam pelo padeiro, havendo pão suficiente?
    Por que
    Seria louvada a neve que já derreteu
    Havendo outras neves para cair?
    Por que
    Deveria haver um passado, havendo
    Um futuro?

    Por que
    Deveria meu nome ser lembrado?"

    (Poema: Bertolt Brecht - Por que deveria meu nome ser lembrado?)

    Se o mundo melhorou, se os problemas minimizaram, não foi obra de nenhum gênio ou super-homem, mas as ações bem intencionadas dos homens daquela época, e é isso que vale só isso...
    Se até agora se apresentou-se o pueril, o ingênuo, o inconseqüente de fantasias de mulheres e homens sobre a imortalidade enquanto vivos, Brecht neste poema nos mostra o mesma em relação às fantasias de imortalidade daqueles que morrem.

    ResponderExcluir
  6. Quando morremos, muitos de nós somos lembrados algumas horas ou até dias depois (a maioria), algumas figuras mais populares ou conhecidas permanecem alguns anos, talvez décadas nas memórias dos vivos, só as chamadas grandes personalidades da política, da arte, da literatura, atravessam séculos, no entanto o que isso significa na vida de um planeta (que tem milhões de anos), também estes desapareceram, como os grandes sábios, os grandes deuses viraram mitos longínquos e etéreos. Quantas pessoas daqui a quinhentos anos ainda serão lembradas, perguntava-se Italo Calvino:

    “Que importa o nome do autor na capa? Transportemo-nos em pensamento para daqui a 3 mil anos. Deus sabe que livros de nossa época terão sobrevivido, de que autores ainda se lembrará do nome. Alguns livros terão ficado célebres, mas serão consideradas obras anônimas, como o é para nós a epopéia de Gilgamesh; haverá autores cujos nomes permanecerão célebres, mas dos quais não restará nenhuma obra, como o é o caso de Sócrates; ou ainda, todos os livros que terão sobrevivido serão atribuídos a um misterioso autor único, como Homero.”

    Quantas pessoas serão lembradas? Quase ninguém, para que? Na verdade, a nossa importância só pode estar aqui, com aqueles com quem vivemos no presente, aqueles únicos que justificam nossa vida.

    “Acabar.
    Não vês que acabas todo o dia.
    Que morres no amor.
    Na tristeza.
    Na dúvida.
    No desejo.
    Que te renovas todo dia.
    No amor.
    Na tristeza
    Na dúvida.
    No desejo.
    Que és sempre outro.
    Que és sempre o mesmo.
    Que morrerás por idades imensas.
    Até não teres medo de morrer.
    E então serás eterno...”

    (POEMA: Cecília Meireles - Tu Tens um Medo)

    Antes de finalizar, vejamos estas ultimas citações. O romeno Emil Cioran fala que:

    “O viver imanente na vida é impossível sem o viver simultâneo no tempo, por que a vida como atividade dinâmica e progressiva, exige a temporalidade, privada desta ela perde seu caráter dramático. Quanto mais a vida é intensa, mais essencial o tempo essencial e revelador.”

    Nossa imortalidade é nossa fantasia para aplacar a morte, com nos iludimos com uma sobrevida, sem duvida porque esta não esta bastando e então precisamos de uma nova chance, porque tudo passou muito rápido e não vivemos, não amamos ou não fomos amados. A vida, de fato, é ingrata para muita gente, algumas figuras geniais só foram reconhecidas próximo da morte, outras passaram por tantos dissabores que mereciam uma prorrogação de sua estada, mas isso é inelutável. Vejamos, mais uma vez, Nietzsche falando do resistir ao impossível, do atuar no viável:

    “Minha formula, para a grandeza no ser humano, é AMOR FATI, que não se deseje nada de outro, nem em relação ao futuro, nem em relação ao passado, nem em relação a toda eternidade, não apenas suportar ou menos ainda dissimular o necessário, todo o idealismo é mentira diante da necessidade, mas ama-lo.”

    Por Thiago L.
    kisses in the heart

    ResponderExcluir

Comente: