SEGUE-ME?

10 de março de 2013

Preto e branco


E daí se eu prefiro preto e branco?
E o inconvencional, e o risco, e o longínquo?
Como se mede a capacidade do vôo, e da loucura?
Qual o problema em casar com as palavras e não ter medo de solidão?
O que faz com que as pessoas desaprendam a ouvir o eco de si mesmas, ou que o reflexo se perca no espelho da inconsciência?
Mente é casa com diversas portas e janelas, e há sempre um alabastro de sentidos prestes a desmoronar.
E que o meu abandono seja completo. Impudico e intérmino.
O meu tempo é atemporal.
Alma não tem tempo.
Alma singra,
Alma se perpetua
Na exatidão da escuridão,
Ou na confusão da claridade.
O avesso de mim é o que me constrói.

(Naná) 
05/03/13



Mania

Se essa minha mania 
de fazer poesia sem ritmo,
te incomoda, 
Abra a porta. 

Se essa minha mania 
de sentir 
não te importa, 
Cega-te. 

Se essa mania 
de me silenciar 
te irrita,
Tape os ouvidos. 

Se nada 
te fazer soar estranho em mim 
Saia, 
vá embora. 

Não sou paz, 
tampouco algemas, 
Sou apenas asas 
Pra quem quer voar. 


(Naná) 
05/03/13



Expectativas..


Expectativas são camuflagens à beira do abismo.
São sempre riscos.
O que dizer das entrelinhas mal encorajadas, e das extremidades disformes, carentes de frugalidade, à orla da essência?
São máscaras e intemperanças, e ventos que nos empurram para singrar nesse abismo.
Lá embaixo, barcos de papel, à espera de criarmos asas, ou da ausência da pusilanimidade que nos prende às masmorras, intrépidas, ao contrário dessa limitação que nos atrofia.
As masmorras são bem claras, lá há mais luz do que imaginamos.
Este meu "eu" se cansou de palavras silenciosas e de barulhos vazios.
Libertei-me desse ocultismo interior, mesmo que os fantasmas bailem e riam-se de mim.


(Naná)
05/03/13




Tempo:


Banalizaram o ciclo do efêmero. 
Tropeçam, deslizam no tempo, como se ele fosse algo impenetrável e impalpável.... vivem à margem da imutabilidade dos dias, onde permanece a pressa exacerbada, opaca e indiferente. 
Quanto tempo dura um mês? Certamente me responderão 30 ou 31 dias. Mas o qual o peso da significação dos dias para as nossas vidas? São meras páginas onde apenas os transeuntes acenam, e um teatro onde se encena deveres mais deveres, prazeres equivocados, realidade fugidia do concretismo do que é viver? 
Qual o motivo para o riso, o motivo para os passos? ... São delongas adiáveis, onde as veias perquiritórias são absorvidas pelo ocultismo, esquiva para sensações profundas que carregam tanto conhecimento necessário para estancar toda angústia onde o homem tende a se perpetuar. 
"Auto-conhecimento", termo longínquo na prática dos nossos pensamentos, frenéticos e diminutos. Manipulação virou um estado constante e consciente dos seres, pensar custa caro e incomoda, além de ser "fora de moda". 
Volto a perguntar: Quanto tempo dura um mês? Como podemos medir o tamanho dos nossos passos, ouvir o "eu interior" sem a permissão de sermos acometidos pelo egocentrismo ou endeusamento? Aprender a enxergar-se demanda muita responsabilidade, e tempo. O que define a passagem dos dias? Os sentimentos? O tempo é uma linha mutável em qualquer espaço?

 ... Que pena, denominam o tempo "efígie", fator que não se isenta de irrealidades.


(Naná)
05/02/13



Penso..


Penso que a real tragédia do mundo é a ausência de personalidade própria. 
Não essa personalidade superficial que muitas pessoas tomam como base uma acepção errônea para tentar "ser", seguindo parâmetros, modismos, estereótipos que são tão comuns, e chegam à ser intragáveis, no meu ponto de vista... mas refiro-me à escassez, à ausência ou até mesmo à fuga da essência, essência essa que move os seres de dentro pra fora, e não é acometida por julgamentos e ridicularizações alheias. 
O que o homem precisa compreender, é que ele só pode "ter" algo quando aprende a ser alguém. E "ser" exige muita introspecção, paciência. É um processo hermético e ininterrupto que envolve um nível exigente de consciência, mas o enleva para a dignidade humana, e o faz descobrir que o endeusamento não passa de um subterfúgio tolo e efêmero. 
Somos seres ínfimos quando colocamos o orgulho e a vaidade à frente dos nossos passos. A essência esquiva-se de maquiagem, não é isenta de falhas, mas é pura ao admitir e assumir os erros, fazendo destes, aprendizados. Humildade não pode ser clichê, mas deve ser a verdade que flui da sublimação dos sentimentos, sinônimo de harmonia. 
O homem é quem constrói o seu meio, e é um equívoco atribuir culpa aos outros, quando não há consciência de si próprio.


(Naná)
03/02/13



Não sabes...


Corre desgovernada pelas minhas veias, a doce lembrança do teu sorriso.
Um sorriso frágil, mas tão forte, tão sincero, tão arredio, que me embalava através do teu silêncio, tão franco e misterioso.
Tu sabes que eu nunca lhe disse, tu sabes bem que eu não sei querer direito.
Tu sabes, pois tu vês na minha voz emudecida, e no meu semblante suscetível ao teu olhar.
Tu sabes do meu encantamento e da minha evasão.
Sabes bem que essa fuga inexata é necessária para apartar as dores que eu desviei do nosso caminho, por medo. Um medo covarde, um medo tolo, um medo que por vezes segura nas minhas mãos e me leva pra longe do que me atrai.
Tu sabes da minha ternura, e da espera tresloucada por uma ausência que me conforte. Meu sentimento é um barco à vela, que singra por horizontes herméticos, mas prefere alimentar-se do silêncio que perambula nos lugares ermos do âmago.
 Minha fé nas coisas é estranha. Não sei transparecê-la, não sei falar muito sobre ela. As palavras são ínfimas quando trata-se de sentidos.
A chuva lá fora diz tanto sobre o silêncio, mas agora eu preciso de um abraço.
Tu sabes bem que não tenho medo de ser sozinha, só não sabe que eu preciso que apenas segure na minha mão essa noite.


(Naná)
03/02/13




Sofro de sonhos...


Sofro de sonhos... de memórias que não vivi e de tempos que não existem. 
Sou senão o esquecimento. 
Há dias tenho a sensação de que o tempo parou. 
Vivo do presente que já é pretérito e do futuro que ainda não chegou. 
Qual o tempo do futuro? 
Será que o sonho é uma lembrança nova do tempo que não vivemos? 
O tempo é uma lenda soprada pelos ventos. 
Eu sou o meu tempo. 
O meu tempo e o meu espaço inabitado. 
Qual o valor do espaço vazio? 
Sofro de sonhos... 
De respostas que não existem e de perguntas que não virão. 
O que o tempo me diz? 
Que eu não tenho tempo, porque o vento passa rápido, e o sonho é uma utopia. 
Minhas memórias não são minhas e sim do tempo. 
Mas se o tempo não existe, e é uma lenda dos ventos, onde sobreviverão os sonhos e as memórias? 
Eu sou uma utopia de um tempo que não existe, sem pretérito, presente e futuro.



(Naná)
05/01/13




Almas e sorrisos...


Não gosto de almas e sorrisos rasos. 
Gosto tanto de profundidade que as pessoas a confundem com paranoia. 
Gosto do que me faz gargalhar e gritar, e é no gozo que a gente é feliz e a gente se revela. Não, não estou falando de promiscuidade, estou falando de liberdade, liberdade que as pessoas têm medo de assumir por conta do invólucro do moralismo, disseminado por mentes pequenas e que não se permitem. 
Já fui por muito tempo alvo da vida por ter medo, por olhar em volta primeiro; mas hoje aprendi que o que realmente deve nos mover é o que está dentro; fora são apenas achismos, ou reflexo de idealizações alheias que muitas vezes não se enquadram no nosso próprio perfil. 
Não, não sou egoísta, e não cultuo o endeusamento, mas a consciência é um dever sagrado e individual, não é um jogo. Consciência é dever, é renúncia, são escolhas. E a minha consciência não me nega o fato de eu ter alcançado essa profundidade, que a maioria das pessoas desconhecem, ignoram e até zombam. 
Sou composta mais de sentimentos do que carne e osso, eu sempre digo. Às vezes associo tal fato com a minha invisibilidade e a rejeição que recebo em troca. 
Tenho aversão à superficialidade, me deixa doente, me entristece, me irrita a falsidade. 
Eu mergulho e me afogo, mas odeio ficar à orla dos sentidos. Sendo um defeito assumido, espero apenas que as pessoas me respeitem, mesmo não concordando.



(Naná)
31/12/12


"Feliz Ano Novo!"


O que eu quero pra 2013? Muita saúde, alegria, paz, e vários desses clichês indispensáveis. 
Quero minha família com saúde e com luz, 
Quero que meus amigos de verdade estejam ao meu lado (até na distância) pra aprontar muito, pra abraçar muito, pra cuidar muito, poetizar, filosofar, desafinar, tomar chuva, pagar mico, comer sem culpa, beber, pular, gritar, assoviar, cair na piscina. 
Quero beijar muito, agarrar muito, e isso não é sacanagem... sacanagem é viver aprisionado, sacanagem é hipocrisia. 
Quero possibilidades, chorar pra lavar a alma... Ah, alma... quero uma alma nova, quero uma mente mais aberta (ainda mais), quero viajar, correr pelo campo, ouvir muito rock, usar saia curta, usar roupa preta, quero muito batom vermelho. 
Eu quero ganhar e dar flores, dar uns beliscões, quero ataque de cócegas, quero ver a lua, quero mais vinho, quero mais doçura e mais silêncio. Quero mais vida, mais poemas, mais inspiração pra escrever. 
Quero suspiros, brigadeiro, pernas bambas e coração cheio de amor.
Quero obstáculos pra aprender a ser forte, quero distância da hipocrisia. 
Quero descobrir e me descobrir, e me revelar, quero frio na barriga, quero livros e mais livros, e quero continuar escrevendo o meu livro... 
Quero estudar muito, e quero ser uma pessoa melhor, quero enxergar mais longe, mas com a capacidade de avistar os detalhes. Não quero ser grande, nem fazer nada notório, mas quero a consciência tranquila... 
 ... Não, isso não é um "discurso" egocêntrico. Claro que eu desejo apenas coisas boas às pessoas, mas cada um tem a chave dos seus desejos e cada pessoa, na sua singularidade, sabe o que lhe convém... 
Por isso, desejo trilhares de possibilidades, muita saúde pra concretizar os seus sonhos, e muitos sonhos agarrados à realidade, não quimeras. 
Que Deus derrame inúmeras bênçãos e resida na consciência de cada pessoa. 
No final das contas o que todos nós precisamos é do bem, e que ele vença nesse novo ano que está prestes a nascer. 

FELIZ 2013 à todos!


(Naná)
31/12/12



Espero...


Espero que exista algum sabão que me lave do amor que escorre agora pelo meu corpo, frio e lívido.
 A noite adentro tinge o meu monocromático sentir e incita o torpor a me coagir nesse ritual pungente de asfixia, ao pensar em ti, e ser "sem par". 
 O amor é uma doença, quando julgo ele a minha cura. 



(Naná)
31/12/12



O mundo não vai acabar amanhã...


Eu aliada às minhas lucubrações notívagas me fizeram pensar sobre essa "estória" do final do mundo... é tanto sensacionalismo frívolo, é tanta crença despropositada que o que mais consta é o fim da era dos seres pensantes e o princípio da disseminação da acefalia em estágio grave.
As pessoas se "pré - ocupam" mais com o amanhã que pode não chegar do que com o momento presente. Preocupação essa, exacerbada e equivocada.
A realidade é que o mundo acaba um pouco todo dia. O tempo passa, às vezes corre, é verdade, mas o que ficam são as cores, as formas e o jeito com que vivemos a vida, árdua, mas que está ali pronta para dizer um oi, e às vezes esbarramos no desalento e caímos no poço escuro da convicção cega ou da velha mania de achar que o destino comanda os descompassos...
 ... não acredito em destino, prefiro assumir os riscos, ciente de que os resultados (positivos ou não), advém das minhas tentativas, criados por circunstâncias, reflexos das minhas decisões.
A vida não é lúdica, pode ser cômica, mas lúdico é um termo perigoso, que às vezes confunde e diverge os limites.
O mundo não vai acabar amanhã, fiquem tranquilos. Viva em harmonia com sua família, com seus amigos, sobretudo com você mesmo. Corra, arrisque, caia, levante-se... não hesite em pedir perdão e em perdoar, chore, tome banho de chuva, pague suas dívidas, leia, escreva, ouça, abrace, beije, grite, não prenda o seu sorriso. Respeite, ame, reflita. Acenda e apague as luzes, enfrente o medo e se encare no espelho interior. Não se prenda à achismos, aprenda a diferença entre ser crítico e julgar. Tenha cautela com o impulso, com o vício, com os estereótipos... lembre-se que aparências enganam, mas o real caráter aparece.
Uma virtude inadiável: a humildade.
A fonte de equilíbrio: refletir sempre.
A doença do mundo é a crença em modismos que não falam nada à respeito do que as pessoas precisam ver, ouvir, e principalmente sentir. Os sintomas são o desespero, a escassez de fé e a futilidade.
O mundo não vai acabar amanhã. Por isso se preocupe com o hoje, com os atos, com as iniciativas, com as omissões, com os critérios para o seu prosseguir e com o ritmo que os seus passos ecoam. Responsabilidade é palavra-chave, e alento para qualquer medo que possa surgir.


(Naná) 
21/12/12


Pensei..


Pensei em você.
E você foi o meu primeiro pensamento do dia.
Olhei para o celular e o seu "Bom dia" na mensagem me fez sorrir. Foi então que lembrei dos teus olhos olhando nos meus, e percebi o quanto você me faz bem, desde que um acaso pousou nas minhas mãos em formato de flor.
Há tempos eu não olhava para o espelho e sorria feito boba, enquanto decorava o momento exato que a pulsação mudou de ritmo. Acelerou, reavivou, e trouxe um encantamento desconhecido e excitante cá dentro de mim.
Estava eu, de mãos dadas à timidez, e tive medo de enxergar. Sua ousadia me roubou. E eu me permiti ser roubada. Deixei a reciprocidade falar pelos versos mudos que seus olhos me diziam enquanto suas mãos seguravam as minhas, cálidas e trêmulas.
Pensei em você antes de dormir. E o seu "Boa Noite" me embala num sono em paz.
Assim são os meus dias e as minhas noites, desde que a sua presença tem me iluminado.


(Naná)
11/12/12