SEGUE-ME?

20 de julho de 2012

"Vinho tinto"


Para uma vida melhor, bastava-me a poesia, uma boa companhia, regados à uma boa dose de vinho. 
O vinho representa as minhas faces ignoradas: às vezes seca, doce, encorpada... e tantas e tantas vezes solitária. 
Nesta noite e nesses dias, o que me resta é comemorar o ápice da minha lugubridade tão doce e tão gentil, que me embala nas canções que exalam um sabor de nudez do meu "eu". 

Uma taça de vinho por cada vez que eu fui julgada incapaz, outra por cada sentimento não-correspondido. Sou "jovem" demais para me envolver, para ter um caso sério com as minhas próprias escolhas (é o que me dizem por aí) ... mas a verdade é que ninguém está realmente apto à saciar a minha sede, por isso: outra taça de vinho para lavar a alma. 

Danço ao som de Mozart, na sala... e quando me canso, debruço-me na sacada e ponho-me a contar estrelas, que simbolizam todos os meus dias e memórias, perdidos com o passar do tempo, e de tantas noites, seguidas de auroras opacas. 

Mas mesmo assim, eu sou uma daquelas pessoas solitárias, que gostam de descrever coisas que são impraticáveis, e uma delas é "saber ser par". Gosto de imaginar um mundo onde as coisas se encaixam e não existe o temor do des(AMOR)... onde as pessoas caminham de mãos dadas e refletem juntas sobre a beleza do céu, e sobre outras coisas tão sutis que abrilhantam e tornam a nossa alma multicolorida... Sou uma tola romântica que "viaja na maionese" e se encanta com as coisas invisíveis do Universo alheio. 

O vinho é a melhor companhia que uma mulher bem decidida pode ter, já que a grande maioria dos homens não têm o aroma, tampouco a doçura no trato, e só vêem a nudez da carne e não a do espírito. 

Minha alma mais é devorada do que devora... ela tem fome, tem sede de verdade. Ela se embriaga pelo pranto do meu eterno solilóquio... 

E por isso, rio sozinha com mais uma taça nas mãos, sobre um coração frio de sangue tinto. 


Minha alma é doce e fria como uma taça de vinho, que espera por longo tempo ser brindada e notada.


(Naná)






"... Anomalia..."


Hey! Eu não sou bonita, não tenho um corpo perfeito, nem a mente sã. 
Eu sou uma anomalia genética dos sentidos, e caminho de mãos dadas à esquipatice. 
Eu realmente não tenho parâmetros, postura ou exemplo, sou desconexa, disforme, às avessas e de ponta cabeça. E as pessoas dizem que eu sou louca, ou que eu "não existo". 
Sou apenas um ruído na sua mente, ou um fantasma nas lembranças... 
...Sou um pássaro ferido, mas que regozija-se com a dor, sou paranormal. 
Sou uma espécie rara de gente, e incompreendida. 

Na verdade eu sou louca por você, e isso é a minha única doença.

(Naná)





No fundo...


Na verdade, eu confesso... beeem no fundo, tenho problemas em me adaptar com os sentidos, ou com a ausência deles. 
É esquisito ver o relógio correr tresloucado e você não aparecer, simplesmente porque deletei a sua presença... embora ela seja tremendamente resistente, e reluta para não fazer cessar a memória... 
É ruim ouvir as mesmas músicas que ouvimos naquelas noites, em que viajamos ao som de Radiohead, e sentir que estou pisando em outro chão, menos louco. 
Eu estranho caminhar por ruas desertas, tão convicta de quem sem você elas são mais seguras... 
É incomum recostar a minha cabeça no travesseiro, e sentir meu coração "oco" de você, mesmo sabendo que sua "pele" ainda insiste em me abraçar... 
Sou amaldiçoada pela falta de juízo, e ateei fogo de vez, ao invés de deixar queimar. 
Eu sou uma extra-terrestre, um peixe que tentou voar, um dia... 
E você... você é o meu inferno. 

 A ironia de te esquecer, é que eu detesto o frio!


(Naná)

"Trocando de Pele"


Estou trocando "de pele", essa minha já não me cabe mais, já está "larga", tem muito "espaço inutilizado"...
Estou trocando de roupa, essa roupa está velha e suja, e preciso de roupas novas e limpas. 
Estou trocando de endereço, de celular, de emprego, mudando de vida... 
Estou terminando os livros que deixei pelo caminho, incompletos, e escrevendo outras páginas bem à frente... 
Estou gritando o que deixei emudecido.
Estou mudando de tempo, de planeta, de espaço, saindo da órbita.
Estou virando as costas, deixando o pretérito-perfeito no seu devido tempo: atrás de mim. 
Estou mudando de (descom)postura, cultivando estrelas e sóis sozinha, deixando a lua fazer brilhar nos meus pensamentos... 
Estou caminhando sem pressa, sem inimizade, sem apego. 
Estou mudando.... e a mudança assusta muito. 
Estou mudando de verbo... 
Estou mudando de predicado, mudando de sujeito... 

Estou mudando o "você" para "eu".


(Naná)



Asas...


Trombei contigo, na curva daquela rua que a gente nunca espera encontrar à frente, e fui atropelada.
Te descobri em meio aos meus avessos e embaraços, em meio às minhas lacunas, sagrados espaços... Caminhava distraída entre pontes e céus inabitados, eu era livre, por acaso... 
Mas há dias que os céus estão cinzentos e o coração desacelerado, e os desassombros são inevitáveis. Despi-me da compostura e deparei-me com um horizonte longínquo; aparentemente avistei algum brilho, mas que fora ofuscado com a contagem dos momentos... 
Abracei o tempo, entardecido, e ele me sorriu de volta, como que num gesto afirmativo de "fazer as pazes". E então eu despertei, e olhei para o espelho da coerência, deixando a conformidade para trás... 
Nada como retomar as minhas asas e avistar um mundo maior do que as pessoas de mente ínfima, supõem. Prefiro singrar no mar revolto, à adoecer na estaticidade. 
O meu mundo é demasiado hermético para seres que não têm a capacidade de se surpreender. 

E ... eu não sou um arquétipo!


(Naná)




16 de julho de 2012

Batom...




Só vou deixar "roubarem" o meu batom, se suportarem a minha alma também. 
Estou farta de covardes!


(Naná)

Então dane-se!


Preciso de uma camisa (d)e força pra conter essa minha insanidade... 
Serviria perfeitamente a sua camisa e a sua força me envolvendo. Logo, para a minha doença, existe cura SIM, o problema é essa sua descrença sobre a minha loucura. 
Vão me rotular eternamente impudica, mas a realidade é que nunca fui "com a cara" da hipocrisia, e eu sou SIM, louca por você, e você é SIM, acometido por uma tolice perpétua. 
A minha vontade é de pegar o carro e sair desgovernada até você, e te fazer engolir todas as verdades que você duvida... mas você não merece, nunca mereceu tudo o que eu guardo aqui, porque você é um covarde. 
Os homens não sabem encarar, não sabem ME encarar... 
Eu vou vagar eternamente, tentando avistar algum planeta onde exista essa raridade que saiba me olhar por inteira, mas eu sei que vou vagar à esmo. 

Então dane-se a camisa de força, dane-se você!


(Naná)

14/07/12

11 de julho de 2012

Confesso...



Há horas estou (dis)simulando um sorriso frente ao espelho, pra tentar confortar e proteger minha sanidade dessa psicose astuciosa que corre, querendo me agarrar pelo braço e me fazer retroceder...
Tenho sido forte até demais, e tola demais também por não medir esforços em te esquecer... mas as lágrimas estão presas na garganta e eu preciso chorar agora, permitir que o mar de angústia desemboque no oceano e aparte de mim todas essas coisas que eu (confesso) ter agarrado com todas as minhas forças pra não sair da memória...
Na verdade, acho que agarrei com todas as forças da minha fraqueza, porque a única coisa que me restou foi a tua presença ausente e tão descabida...
Eu preciso de perdão.... (do meu perdão) por tantas lágrimas desperdiçadas e por tanto sentimento dedicado, que o vento veio e levou, sem qualquer significação.
O meu problema é que sou profunda no sentir, e de tão profunda sempre acabo caindo no poço do desengano, e quando tento retornar para a superfície, as mãos ainda deslizam pelos cantos, e os pés sempre relutam em prosseguir sem tropeçar nos prantos...
E você está em tudo o que vejo, e até no meu inconsciente obsoleto... está nas canções que ouço, nos livros que leio, nas estrelas do céu, e nas ruas que caminho...

Mas essa letargia que me ultraja, faz-me desnudar de ti, e eu sei... que por mais que leve tempo, eu vou reaprender a ter asas, porque eu descobri que pessoas como você só servem pra ficar no chão, e nunca sairão disso.


(Naná)
10/07/12


Hoje...


"(...) Mas hoje... hoje eu vi num novo rosto, diferente de outrora, algo que fez-me refletir o quanto vale a renúncia de tudo aquilo que me inclinava para a retroação... Olhei para o espelho e me senti mais leve, segura, decidida... Aprendi a fechar as portas que eu sempre deixei abertas, por um julgamento tolo e desconexo de que entraria alguém realmente capacitado à permancer. Agora que eu encontrei a chave, e descobri-me na completude, protagonista do meu tempo, aprendi o significado de evoluir (...)".


(Naná)
08/07/12

Auto-disciplina


Auto-disciplina: palavra chave e prévia para qualquer ação. 
E a ação não é somente exteriorização; a ação tem como primazia, organizar o pensamento, para então, criar formas de manifestações externas. Embora seja uma acepção óbvia, a maioria das pessoas caminham limitadas, acompanhadas de uma dose errônea de causticidade. 
Quando falo da necessidade de evolução do homem, a maioria geralmente prenuncia-se, julgando-me acometida pelo endeusamento. 
Descobri que cegos jamais verão, e o orgulho é demasiado tolo para compreender tal necessidade. 
É terrível o descontrole do consciente e o temor do inconsciente. O homem teme tudo o que é novo, por isso vive atrelado às suas eternas mazelas. 
As respostas todas estão dentro de nós, mas a grande ironia é nos desconhecermos. 
Como o homem quer ser grande, se defende princípios pequenos e vaga despropositadamente nas vielas dos paradigmas? 
Como querer o outro, e almejar todas as coisas externas, sem antes saber o que ou quem se é? Eis a resposta para os nossos anseios, volto a repetir: auto-disciplina. E é isso o que falta no mundo, doente e escasso de saber pensar.



(Naná)
07/07/12




1 de julho de 2012

Um sábado qualquer, com um sentimento "qualquer"...


Sábado.... noite quente, saudade fresca... tão fresca que grita aos quatro ventos que está tão viva, como sempre! 
Ligo meus pensamentos na tomada da alienação, quando, na realidade, precisaria ligar em mim. Comprei cd's novos, mas Radiohead ainda não desocupou a minha mente... 
Tomei um banho gelado e bebi uma vodca pra tentar enganar essa bestialidade que me agride. Mas a doença já é crônica.... e acho que meu estágio é terminal. 
Deixei os livros na cabeceira da minha cama, e pus-me à escrever, extravasando essa lugubridade que insiste em me visitar todas as horas, como se fosse uma faca adentrando na minha cabeça... 
Mas nenhuma palavra que "deponho" sobre essa pilha de papel amorfa, me faz pensar menos em você, não dá pra exaurir a sua existência em mim... 
Você é um assassino de borboletas no estômago, e o culpado pela minha gastrite nervosa, e pelas noites sem dormir, e pelas páginas descoloridas que eu teci, com o passar dos dias, na tua ausência idiota, mas que eu amo tanto... 
Você será um eterno pronóstico e eu, um perpétuo caso infundamentado de amor invisível e isolado. Se eu pudesse, eu quebrava a vidraça que me prende do lado de dentro desse sentimento sem nexo, e saía correndo por aí, dizendo que é apenas brincadeira o que guardo cá comigo... se eu realmente pudesse... Mas eu sou uma tremenda débil mental que desconhece os modos de ser indiferente quando não há quaisquer tipos de reciprocidade... e saio sempre com o olhos roxos de apanhar da minha irresponsabilidade de sentir, e vermelhos de tanto lamuriar pelas próprias consequências que permiti entrar aqui dentro, como que se eu quisesse reafirmar que (ainda) não desaprendi a sentir dor. 
Não existem mais entrelinhas... meu sangue quente já admitiu que essa ânsia que me comina todos os dias, não está aqui para brincar de esconde-esconde, mas ousa em querer te pegar... se bem que, teu abraço me prendeu antes que eu me sentisse presa... 

Eu quero você, mas ao mesmo tempo tenho vontade de dar uma machadada na minha cabeça pra ver se reencontro com o meu siso... 

Eu sou invisível pra você, e isso é o cúmulo da minha acefalia. 


Ok, chega de delongas... Dá pra sumir daqui, please?


(Naná)