SEGUE-ME?

15 de setembro de 2012

"Miscelânea"



... e é esta a pele que me resta, 
transbordante de agudeza de espírito, 
um amontoado de viscosidade esquecida 
ao que nunca fez-se valor 
ao que nunca prestou contas à reciprocidade. 
E a fala muda, presa nas entrelinhas absortas 
um ar introvertido e descarado, 
uma miscelânea de estágios de ser, indistintos, 
e o retinir das interrogações 
envolvendo o meu corpo sôfrego, 
bailando ao som sarcástico 
do meu riso desditoso...


(Naná)
14/09/12




Fogo



O fogo consome as suposições de quem não possui franqueza no pensar. 
O vento leva os paradigmas para longe, quando o fogo nos queima. 
O fogo necessita de água para não trazer a finitude. 
É um ciclo inerente e conciso que confunde, que transcende as premeditações, e estabelece errôneas muitas das acepções. 
Acredito que tudo é fogo, mas em doses interpoladas....


(Naná)
14/09/12



"Incomensurabilidade"


"Primeiro, as cores 
Depois, os humanos. 
Em geral, é assim que eu vejo as coisas. 
Ou, pelo menos, é o que tento".

[...]

Cansei de pessoas de plástico, 
Me esgotei com corações de ferro. 
Perdi a paciência com gente! 
Perdi-me da fineza da compreensão, 
Desacreditei no tempo, 
Esquartejei as emoções. 

Por obséquio não julga-me mal, 
Tampouco lembra-me! 
Sou apenas mais um corpo desalinhado 
que vaga em passos trôpegos 
num cosmo inatingível, 
com linhas tortas, rabiscos e trilhares de vírgulas. 
Uma transeunte por entre os concretos cintilantes 
Diante dos meus olhos opacos e frios, e mórbidos... 

Não importo-me no "tom" ácido com que me dirigem os olhares, 
ou com as menções que me fazem 
até mesmo com o silêncio inquietante 
e a ironia da desconfiança, 
eu sou mesmo uma quimera
uma alusão dos sentidos 
ou da ausência destes. 

Regozijo-me mesmo é com o sabor das palavras 
das cores destas que aspiro 
e que trazem-me a vida 
em forma de versos, 
decálogos... 

Abraço e entrego-me tresloucadamente aos solilóquios, 
que desfiguram a mazela redundante, 
cá comigo. 

Sem desfechos, 
sem quaisquer explicações, 
aberrações de significações, 
de poréns tagarelantes 
de batidas descompassadas 
de vícios contumazes.... 
Sem adjetivações coesas. 

É assim que visto-me, 
sem-pé-nem-cabeça 
às avessas, 
sem ritmo, 
sem enxergar o além-ponte. 

O agora é o ponto de partida, 
sem demora, 
sem receio, 
sem medo 
sem culpa. 

Sou apenas mais alguém nula
farta 
exausta de coisas simplistas, 
da máscara da afabilidade. 
E embora eu seja totalmente desconexa 
sou inteira e nua 
por isso do julgamento alheio e explícito, 
eu sei,
eu bem sei...



(Naná)
14/09/12




...


Vou ler um pouco... pois a ausência de léxico me dói muito. Já ouvi dizerem ser fatal, e não quero arriscar e morrer de indigência.

(Naná)
25/08/12

Amor contínuo...


A cada dia mais me apaixono pelos livros... e isso me afasta das expectativas acerca de pessoas. 
Não que eu tenha me tornado portadora de um espírito absorto à ponto do endeusamento, embora a introspecção seja um "caos" necessário ... mas é melhor ser movido pela concentração do que pela sustentação de incertezas parvas... 
Expectativas são como desfiladeiros aos quais sobrevivemos, e é necessário avistar os vários extremos com ponderação para não colidirmos com os próprios muros que construímos, obstruindo a passagem que nos liberta do que não somos.


(Naná)
29/08/12




Realidade


Saudades de quando a maioria das pessoas não vinham embaladas no "plástico" da superficialidade. Saudades de quando o frio que eu sentia era apenas do inverno e não da baixa temperatura dos espíritos. 
O tempo todo me pego pensando até onde vale a pena ser sincero ou se calar. 
Palavras são importantes somente para quem sabe ter delicadeza no trato, e não se encaixam na boca de quem zomba e faz destas algo fútil. 
Infelizmente, o efeito da banalidade recaiu sobre muitas delas, talvez por um deslize de caráter ou falta de concentração da realidade... 
Alienação? Quem sabe! 
Sou realmente uma tola, que discursa coisas inaudíveis, sou mesmo uma cega que vê coisas demais. 
E não pretendo mudar esse contexto porque eu não sou feita de papel que serve para apenas rabiscar as linhas... eu sou feita de carne, osso, alma e espírito arredio, que teima por avistar as entrelinhas e o indícios que aos olhos alheios, não têm importância. 
Sou composta de detalhes que afugentam, que incomodam, que transgridem a ordem do coerente. 
Mas não vejo a realidade como plástico e sim como fogo.


(Naná)
30/08/12



"Descompostura"


Eu não sei amar com bons modos, amar com postura, amar "politicamente correto". Eu amo. Ponto. E amar é sempre um problema só meu. 

(Naná)
09/09/12



Noturna


É incrível como meu humor diferencia-se na noite e no dia... A noite é o meu melhor momento, onde eu consigo me enxergar melhor... no escuro.


(Naná)
09/09/12




Evolução.



A meta gritante do homem é sempre elevar-se, crescer, desenvolver-se... mas é importante aprender a enxergar que "elevar" nem sempre é sinônimo de "evoluir". 
O homem pode escalar montanhas, mas ainda assim continuar preso à sua exiguidade interior, mesmo tendo estando ao topo. 
O homem que evolui, leva em conta o conhecimento de si próprio, antes de todas as outras coisas. É ele quem constrói o que o circunda, e para tal, é necessário cautela, o que torna a reflexão e introspecção indispensáveis para a construção do universo evolutivo:

"... Não acreditamos que o homem seja produto do meio, mas sim que o meio é produto do homem." (Dr. Celso Charuri) 

Cabe à todos nós esta reflexão, diante da missão árdua de traçarmos com cuidado os caminhos e as pontes que atravessamos e também deixamos para trás, como o nosso exemplo. Para complementar cito Kant:

"Não esqueçamos que o exterior é tão só o reflexo do interior. A imagem exterior do homem e as circunstâncias que o rodeiam são o resultado de sua auto-imagem."


(Naná)
10/09/12




É vero!



"O partir da maçã"



Do "longe" é o que preciso... 
Alguns dias fora de mim, fora daqui. 

Sumir para me bastar. 
Sumir para não existir. 

Vou sumir do agora e do sempre. 
Vou fingir que não existo, 

e espero que acreditem em mim.


(Naná)
31/08/12

Os corredores da minha transitoriedade


E mais uma vez com um conto breve. 
Eu sei, você sabe, nós sabemos... só não aprendemos a admitir, não é mesmo?? 
Será que dá pra apertar o play ou desligar de uma vez? 
Eu sou mesmo uma "chata de galochas" por te dar choque com as minhas verdades quentes sobre os teus sentidos, tão alheios e frios... e descobri que tenho o dom em atrair confusão. 
Confesso que não aprendi a ser outra: o que muito lhe incomoda. 
Eu não tenho todos os freios convenientes, e vivo com o peito rasgado por portar um espírito tão mordaz, que desrespeita até a própria sanidade. 
Eu, sempre brincando com fogo, e as pessoas me perguntam porque eu vivo tão quieta pelos cantos... 
A verdade é que nenhum fogo realmente foi capaz de me queimar, e essa frieza tornou-se uma pouquidade que me é inerente. 
Não sei não pensar, tampouco desaprender que nós não são laços.


(Naná)
30/08/12






"Doer (-se)"


"... E ela gritava aos sete ventos: 'Você é um idiota'. 
Mal sabia ele que a dor é o aborto que estanca o desabrochar de algo maior que estava prestes a vir à tona..." 
E são esses "partos interrompidos" que fazem-nos sentir o sabor verdadeiro das nossas entranhas, e que são inevitáveis para o processo de auto-conhecimento e da exteriorização da nossa defesa, outrora desabitada. Parece absurdo, mas a dor é um bem necessário; embora o conceito central acerca desta seja erradicá-la, sabe-se que é ilusão. 
A dor desperta a "consciência" do cerne, resgata as nossas forças e nos prepara para o nosso próprio enfrentamento psíquico, emocional e comportamental. 
A dor, sobretudo, é um desafio.



(Naná)
29/08/12




"Insônia versus Estipticidade"


Tento escrever palavras em cima de palavras, mas essas elucubrações filosóficas afiguram-se à não mais do que um contexto parvo e fora de órbita. 
Toda essa obliquidade furta-me o sono, e os pensamentos, capciosos estão a pregar-me uma peça. 
E embora esse discurso seja inaudível, os indícios dos sentidos estão explícitos; ao contrário do teu caráter elusivo, que torna as entrelinhas mais herméticas do que meu próprio labirinto inextricável de ser. 
Realmente o amor é um chamariz à insanidade.


(Naná)
28/08/12



"Os fantasmas que esvoaçam sobre meu eu transitório"


Agradeço ao mundo, repleto de pessoas invisíveis que me dirigem palavras que não ouço, por me ensinar a indiferença. 
As feridas profundas têm uma grande tendência de não cicatrizar as armaduras, pelo menos é assim comigo toda vez. 
E me vêem talvez como um monstro (mais defensivo do que qualquer outra coisa), e fogem para longe desse mar impenetrável que é meu coração. 
Jamais cogitam sequer vagar à esmo num âmago loquaz como este que amedronta os passantes. 
 ... E sou vencida pela minha própria persistência em não ser par, mais uma vez e sempre assim, e infinito... Talvez eu prefira mesmo pairar sobre a lama da indecisão, e desafiar o despenhadeiro sentimental a qual sobrevivo. 
E se minhas palavras forem demasiado frívolas, deixa-me morrer com elas na imemorabilidade tão explícita aos teus olhos alheios. 


(Naná)
26/08/12