"Primeiro, as cores
Depois, os humanos.
Em geral, é assim que eu vejo as coisas.
Ou, pelo menos, é o que tento".
[...]
Cansei de pessoas de plástico,
Me esgotei com corações de ferro.
Perdi a paciência com gente!
Perdi-me da fineza da compreensão,
Desacreditei no tempo,
Esquartejei as emoções.
Por obséquio não julga-me mal,
Tampouco lembra-me!
Sou apenas mais um corpo desalinhado
que vaga em passos trôpegos
num cosmo inatingível,
com linhas tortas, rabiscos e trilhares de vírgulas.
Uma transeunte por entre os concretos cintilantes
Diante dos meus olhos opacos e frios, e mórbidos...
Não importo-me no "tom" ácido com que me dirigem os olhares,
ou com as menções que me fazem
até mesmo com o silêncio inquietante
e a ironia da desconfiança,
eu sou mesmo uma quimera
uma alusão dos sentidos
ou da ausência destes.
Regozijo-me mesmo é com o sabor das palavras
das cores destas que aspiro
e que trazem-me a vida
em forma de versos,
decálogos...
Abraço e entrego-me tresloucadamente aos solilóquios,
que desfiguram a mazela
redundante,
cá comigo.
Sem desfechos,
sem quaisquer explicações,
aberrações de significações,
de poréns tagarelantes
de batidas descompassadas
de vícios contumazes....
Sem adjetivações coesas.
É assim que visto-me,
sem-pé-nem-cabeça
às avessas,
sem ritmo,
sem enxergar o além-ponte.
O agora é o ponto de partida,
sem demora,
sem receio,
sem medo
sem culpa.
Sou apenas mais alguém nula
farta
exausta
de coisas simplistas,
da máscara da afabilidade.
E embora eu seja totalmente desconexa
sou inteira e nua
por isso do julgamento alheio e explícito,
eu sei,
eu bem sei...
(Naná)
14/09/12