SEGUE-ME?

2 de dezembro de 2013

"Qual o sabor da dor?'


"Qual o sabor da dor?" Me veio essa pergunta hoje... 
Alguns dizem que ela tem um sabor de veneno, de amargura, mas nunca ouvi dizerem que ela é doce e que gosta de agradar. 
Já ouvi dizerem que ela aumenta o conhecimento, que nos faz crescer e até mesmo contraditoriamente faz progredir. 
Então me perguntei qual o peso da dor... às vezes ela tem mãos pesarosas, por outras servem como uma espécie de "anestésico" necessário do caos. 
Já ouvi dizerem que ela faz prostrar, que às vezes ela grita ou sussurra, chega sorrateira e arrasa. 
A dor é como uma navalha, tem um olhar macilento e os pés ágeis. 
A dor é uma ponte que exige uma certa dose de equilíbrio para poder atravessá-la. 
A dor desafia o ego e faz guerra às convicções. 
A dor tem a cor da desilusão, a cor pálida da dúvida e do medo. 
A dor é um regresso, é um excesso de alma. 
A dor não tem regras e não marca horário. 
A dor não poupa, é raíz. 
A dor é mesmo uma incógnita. 
Alguns insistem em tentar esquivar-se dela, outros preferem "dar a cara à tapa". 
A dor é uma miséria humana que todo mundo teme carregar. 
O que posso dizer da dor, por mim, é que me acostumei com ela. Ela me torna mais humana, mais frágil também é verdade, mas a dor é minha nudez encarnada, me despe da ocultação interior. 
A minha dor é um elo, e uma linha tênue entre o coração e a consciência. 
Não sou acomodada com a dor, mas acho um bem/mal necessário. 
E embora as pessoas façam mais alusão à felicidade do que à dor, eu acredito que ela nos revela mais do que a alegria. 
Ninguém combate a alegria, só se combate a dor, é ela que alimenta as nossas forças, mesmo que a sensação seja de sermos fracos. 
O que eu não sei é lidar com a dor alheia. Pesa mais do que a minha dor. 
Eu nunca sei lidar com a dor do outro. 
Não sei se devo falar ou calar. 
A dor é uma coisa tão íntima e imprevisível que o fato de ela ser tão singular me faz silenciar diante do outro. A única certeza que posso ter, perante tantas inquirições e perquirições, é que enquanto a sentirmos dor, também podemos sentir a vida. 

Sim, estou com dor hoje, por isso "desaguei". 


(Naná) 
11/11/2013





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