SEGUE-ME?

7 de outubro de 2010

"É preciso Singrar.."


Sempre pensei na calmaria das ondas, no calor intenso do Sol, ou, no sentir a chuva no rosto. São coisas tão simples de se pensar. No entanto, associar aos sentidos quando se está aturdido é um sentir improvável.
Há tempos eu gritava no silêncio, coagida pela tetricidade, debelada por intempéries existenciais. Meu mundo havia transmutado-se em escuro, em frio, em perturbador.
Sequiosa pela paz, mas sem um caminho a trilhar, o qual não se sobressaísse sempre a dor, decidi evadir-me, pois já não acreditava mais em viver, mas sim, eu apenas existia, envolta ao ceticismo, abraçada á melancolia.
É de minha essência sempre questionar... Os sentimentos, as ações... Mas essa inquirição toda sempre voltava-se para mim mesma. Sempre encontrava empecilhos para tornar-me alguém sociável. Os vínculos do pretérito tinham me transmutado em alguém amarga. Desvencilhar das mazelas é uma missão hermética, pois acaba evocando as tristezas, frustrações, e, principalmente o medo do “Novo”.
Quando estamos contagiados pela tristeza, acabamos por nos tornar cômodos com a dor. Tratá-la, custa-nos muito, e quando existe o medo, é sempre mais fácil aderir à postura estática.
Nunca fui adepta ao egocentrismo, por mais que a evasão conote isso. Sempre me doei o máximo que fui capaz, a questão é que a direção foi a direção errada.
Depois de tanto pensar em ser sempre a problemática das ausências, abandonei o navio, desisti de singrar e, talvez, de encontrar algum mar mais pacífico.
Depois do Naufrágio, vi-me na praia, sozinha. Tantas águas ao meu redor, mas nenhuma mataria a minha sede. Talvez quisera eu, morrer sozinha.
Era assim que me sentia no meu quarto escuro, e como tantas vezes mencionei, de cortinas e lençóis negros de angústia, envoltos á letargia do meu cerne. Sentimentos mórbidos traspassavam o ambiente taciturno onde eu transgredia meus valores, e deixava escoar e sumir pelos ares, minha essência.
Nada como um dia após o outro...
Depois de tantos enterros do meu “Eu”, após tantos cânticos fúnebres que roubavam a minha volição em prosseguir, a contraditoriedade surpreendeu-me.
Um acaso muito sério roubou-me.
Confesso que fiquei aturdida, à princípio, como se alguém me tomasse pelo braço e apontasse uma arma em minha cabeça, me dizendo: “Você quer mesmo morrer ?”.
Essa inquietação fez-me mais, uma vez, respirar e repensar os “porquês” de tudo aquilo que minha acepção validava. Morrer? O que é fazer sentido?Qual o por quê do Desamor?
Precisei tomar um choque de dúvidas, reexperimentei o medo, o pânico de voltar a sentir algo que contradizia o que eu, há tempos havia descrito como a maneira de apenas existir sem fazer sentido para algo, ou alguém.
Precisei sair do meu mundo para investigar um outro mundo que me fazia perder o sono. Como pode um amor, adentrar num coração que prega somente a Solidão?
A Solidão era algo crônico, e uma opção de um fim.
Essa contraditoriedade que fez-me reagir, foi um amor que eu nunca havia experimentado. Amor o qual eu jamais pensei existir.
Um amor que queima, mas ao mesmo tempo, que ameniza, que inebria o cerne. Senti um espasmo o qual temi, mas era algo que eu contestava sentir, embora fizesse-me tão bem.
O fato de tentar privar-me desse sentir, me levou ao encontro desse paradoxo, exímio estrategista. Não falo de armadilhas, nem de persuasão. Mas é como se ele me mostrasse o caminho, sem que eu visse, apenas sentindo.
Desde então, acabei por apropriar-me de um novo sentido, levando-me á outro caminho, tão simples, sem coações, sem resquícios de dúvidas de prosseguir.
Indizível esse roubo que devolveu-me.
Aprendi que as tempestades são para mostrar quão vale o Brilho do Sol, ou a necessidade da Chuva, ou mesmo, uma dor para aprender a viver.
Agradeço-te, meu amor, pelo fato de me fazer regressar do tempo.
Quem se prende ao tempo condena-se, e tu me libertou!
É necessário todos os dias reviver, num tempo novo.
O tempo não pára enquanto você afigura-se alguém arrependido. Ele prossegue, e deixa para trás algo que você deve aprender no hoje.
Hoje creio no Amor. Pois eu senti, mesmo sem ver, sem tocar. Apenas senti.
Nem sempre o que é tangível é verdadeiro. Os olhos podem nos enganar, mas o que sentimos, fala por si só.


(Naná)

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