Duas retas. Aparentemente paralelas, indesviáveis. Repletas de empatia, sintonia, harmonia. Incorruptíveis à mudanças.
A suscetibilidade de crer nesse contexto tão "palpável" é também acompanhada de uma dose de cegueira imperceptível, na verdade negável à primeira vista.
Sim, todos nós passamos por essas "retas" emocionais, onde a segurança prevalece e os declives e as curvas tornam-se longínquos demais, a ponto de não nos pré-ocuparmos com eles.
A vida é uma estrada com variações de percursos, com inclinações, subidas íngremes e descidas inesperadas, onde aprendemos a medir os passos, a atenção dos olhares, dos pensamentos e a confusão de não ter certeza de nada.
Retas que se tornam atalhos, curvas que se tornam desvios, aclives que se tornam ascensão.
Nada é incorruptível, nada é isento de mudanças de trajetos, ninguém esquiva-se dos esgares, dos descontentamentos e da incerteza da corda-bamba que é sentir.
Duas retas que aparentemente são eternas, mas que na verdade são removíveis, transferíveis, mutáveis, passíveis de distrações, de omissões, da volição de esquecimento, alheias à transitoriedade.
Duas retas de sonhos que transmutam-se em dois caminhos inversos, de incompatibilidade de afetos.
Uma fé esquipática acerca do perene, que às vezes tira-nos o chão dos pés e as asas dos olhos.
Nada é eterno.
O problema não está na separação das "retas", mas no desapego errôneo de julgar, de tentar equilibrar a própria amargura delegando a culpa a respeito do que "não foi", no "outro". Vejo o desapego como uma fase da vida onde essa lição de que "nada é eterno" é aprendida, é vivenciada, e não como uma brecha banal para julgar outrem.
Ninguém vem acompanhado com manual de instruções, mas em contrapartida existe o bom-senso.
E nessas idas e vindas da vida, nas subidas e descidas é que aprendemos que conhecer à nós próprios é prioridade, não como forma de egoísmo ou de endeusamento dissimulado, não! Mas para que os nossos caminhos se tornem mais leves, e que a carga de apego não nos faça sucumbir à ponto do desmerecimento de outras chances e de outras perspectivas, quando "as retas se "transmutam".
Não devemos "dar ouvidos" à falsa moralidade, pois os seres são singulares, assim como as escolhas e os caminhos.
(Naná)
30/05/13
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