SEGUE-ME?

10 de dezembro de 2013

Andam dizendo que é Amor.


Muitas pessoas têm visto a minha mudança. Sim é um milagre, afinal ninguém nunca repara em mim. Disseram que é o tal amor que andou escrevendo no meu rosto, desenhando na minha voz. Disseram que até os meus passos estão diferentes, o meu sorriso está maior, e os meus textos são a minha assinatura que retrata isso. 
Quando você chega perto de mim eu saio de órbita, sinto-me tremer toda e meus duzentos e seis ossos do corpo parecem que vão me desmontar. Quando você me fala eu silencio. Tenho raiva de mim por não conseguir expressar o que sinto, dizendo tudo, enquanto você me desmancha. Eu não sei como falar, minha boca dá um nó, e eu fico toda embolada. Tenho vontade de gritar, mas a única coisa que sai é o sussurro e a vontade de abraçar e nunca mais largar. 
Eu sempre pergunto: "Como foi o seu dia?", pergunto se está tudo bem, e tudo o que sempre quero é saber que você se importa em me responder, até as minhas perguntas mais idiotas e saber o quanto me preocupo contigo. 
Você sabe me ler. Sabe ler o que eu escrevo, então é a mesma coisa, porque eu sou as minhas palavras, e as palavras são o meu "eu". Sabe ler também o meu silêncio. Se importa comigo, se adentra aqui, e essa metafísica me bagunça. 
Sempre lhe escrevo essas cartas, e essas mal traçadas linhas às vezes até soam piegas, mas você deve assumir a sua culpa, porque resolveu existir e aparecer bem na minha frente, na janela dos meus olhos, enquanto eu ficava debruçada nela vendo a minha vida tão sem graça, me acenando e ironicamente me sorrindo sem eu sorrir, enquanto ela partia. Me assustei com a proporção do encontro. Pode parecer infantil e ridículo, mas passei a crer em mágica desde aquela noite, na ponte, e o nosso silêncio preencheu tudo aqui dentro. 
Você me vem de mansinho com esses olhos tão profundos que chega até me doer, e com as tuas mãos cheias de paz quando me toca. E os lábios mais doces que me desperta o lado bom de existir, enquanto a sua barba esbarra no meu rosto e eu penso: "O que eu fiz pra merecer tudo isso?" Complexo de inferioridade é pior do que qualquer outra droga, mas você sempre dá um jeito de me gostar como eu sou, feia, toda tímida e atrapalhada, afinal eu não sei fingir essas coisas. Eu não tenho "classe", nem status, nem sou fissurada em cosméticos, malhação ou roupa de marca, sou apenas uma garota boba que se encanta com olhares, toques e palavras, esteja maltrapilho, suado, mas seja profundo, como eu. Sou apenas uma mulher que pensa ser forte, mas não sabe amar direito sem "gritar". 
Lembrei que outro dia você veio me ver e não queria me abraçar, alegando que estava suado, tinha saído do trabalho, mas tudo o que eu mais queria era sentir aquele abraço seu e sentir o seu cheiro, acusando que estou bem viva e que o seu abraço e olhares me excitam e me gostam, e você me abraçou e me beijou. Eu desmontei. Sempre desmonto, só de te ver. 
Às vezes eu sou meio criança, às vezes eu sou meio imatura; às vezes eu sou mulher, e às vezes sou vulcão. A verdade é que eu sou tudo com você, você me desarma. Querer ser com você é o que eu quero. E eu quero que você seja tudo comigo. 
Descobri que tenho pânico de perder. E quando penso isso, eu olho no espelho e choro como uma garotinha, por medo de ser como eu sou, toda insegura, toda boba. Tem tanta mulher por aí e eu me pergunto sempre: "Por quê eu?" e eu nunca sei a resposta. Me custa aprender a me enxergar como me dizem que eu sou. 
Dia desses eu juro que tentei esquecer. Mas vi que matar esse sentimento também pode ser fatal pra mim, e só nessa tentativa frustrada, o meu estômago resolveu me atacar com a sua dor de medo do desamor. 
Me desculpa, eu estou toda atrapalhada aqui, tentando justificar tudo o que sinto por você, mas não consigo. Estou falando feito doida com medo de ter que algum dia silenciar a sua voz na minha mente, as palavras estão tropeçando nos nós da minha garganta, e é como se meu cérebro desaprendesse qualquer idioma, e eu fico aqui, apagando e tornando a escrever, gesticulando vírgulas que exigem a tua presença um pouco mais. 
São quase 3 da manhã e eu estou aqui, agarrada à tua blusa e ao teu cheiro, e à tudo o que vivemos, tentando fundamentar esses sentidos tresloucados. 
Meus amigos me disseram que é amor a minha "doença", dois deles são psicólogos, um deles é médico. Minha mãe também me disse. 
Poderia ser apenas uma tosse ou uma virose, mas andam dizendo que é amor. Eu não sei, só sei que eu não sei mais ser sem você. 


(Naná) 
10/12/13




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