- Acha mesmo que sou alguém confiável?
- Sim, claro. Mas porquê a pergunta?
- Porque dizem que meu mistério é um tipo de mistério confuso e esquisito.
- Mas todos os mistérios são assim.
- Claro, mas alguns mistérios as pessoas tentam desvendar, o que não é o meu caso.
- Ahn... mas você gostaria que isso acontecesse?
- Na realidade não sei. É bom ser "alvo" de uma "resposta", ou de uma "procura", mas não sei lidar muito bem com isso, nunca sei.
- Talvez porquê tenha medo.
- Mas na prática, medo apenas incita mistérios.
- Bom, não sei.
- Eu sou um caso complicado, "sem-pé-nem-cabeça". Mas sou boa com lacunas.
- Lacunas?
- Sim, acho que todo mundo tem, sendo consciente ou inconsciente disso.
- Me explique.
- Bem, todos nós temos anseios particulares, sempre buscamos coisas, aspiramos ser preenchidos, mas a plenitude não existe. Possuímos espaços sagrados.
- Espaços sagrados? Que maluquice é essa agora?
- Oras, é uma maluquice sensata. Pare e pense: você com certeza tem algo em si que ninguém sabe, é óbvio. E tudo o que portamos em nós, habita em espaços... sim, como os espaços físicos.... Logo, esses espaços, são de certo modo, intocáveis. Seria hipocrisia dizer que a nossa vida é um "livro aberto". Por mais "exibicionismo" que haja, muitas singularidades são imperceptíveis.
- Aiaiai! O que dizer sobre as suas filosofias?
- Bom, nunca espero que digam nada, tampouco concordem. Só quero o meu espaço, mesmo invisível. Todo mundo têm direito à censura, mas também tem direito de "aturar" a desimportância desta.
- Acho que matei a sua "charada"! Ou, pelo menos, parte dela...
- À que se refere?
- Bom, você é um tipo complexo de gente. E as pessoas têm medo de se aproximar de pessoas complexas.
- Isso faz de mim, uma complexidade vã?
- Não, necessariamente. Acho que não devo generalizar o contexto.
- Tem louco pra tudo não é?
- Haha! Mas existem loucuras e loucuras. Loucuras que valem a pena, loucuras inviáveis.
- E qual o meu tipo de loucura?
- O que raros vêem.
- Então a maioria é cega? Hahah! (brincadeira!)
- Talvez.
- Mas e você, me vê?
- Acho que sim. O que você acha?
- Não acho, achismo não é o meu forte. Apenas vejo o que vejo.
- E o que você vê?
- Vejo que você não é superficial.
- E isso é bom?
- Claro, sempre é.
- Mas e você, me vê?
- Claro, na verdade se não fosse possível nos enxergar, esse "diálogo" não seria possível, aliás, sempre é difícil dialogar comigo... sou um tipo meio "intragável", gosto de detalhar os pormenores.
- É verdade. Você ainda continua sendo um mistério. Nunca sei sobre o que você vai dizer, apenas espero você "divagar"...
- Bom, pelo menos você "espera". Mas eu, eu não cultivo o verbo esperar, prefiro o verbo "esperançar".
- Hum, está certo. Você sempre tem cartas na manga.
- Não, vêem minha sinceridade exacerbada como um truque errôneo, mas não sou composta de truques! Não confunda lacunas com truques, haha!
- Não estou confundindo isso, você me confunde em tudo na verdade!
- (Risos!)
- Você é uma maluca que eu gosto!
- Obrigada!
- Bom, preciso ir, assim como eu vim.
- Não vai conseguir.
- Por quê?
- Você será outro quando for.
- Ãhn? Lá vem...
- Sempre deixamos um pouco de nós, e levamos um pouco do outro conosco, é inegável. De qualquer modo, obrigada pela sua companhia, acho que ela vai permanecer aqui comigo, afinal sua companhia me enxergou.
- Não sou como os outros.
- Sei que não. Por isso você me enxergou! Beijos, boa noite!
(Naná)
13/10/13
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