SEGUE-ME?

29 de abril de 2011

Silenciar...



Eu vou deixar que o meu silêncio fale por mim
Já que a minha voz não tem vez...


[Naná]


2 comentários:

  1. Quando jovens, muitas vezes nos sentimos confusos com o fato de que cada pessoa que admiramos parece ter uma visão diferente daquilo que a vida deveria ser, do que é um homem bom, de como viver, do que escolher e do que não escolher e assim por diante.

    Se tivermos grande sensibilidade, isso aparece mais do que instigante, é desanimador. O que muitos costumam fazer é seguir as idéias de alguma(s) pessoa(s), e mais tarde de outra, dependendo de quem se sobressai mais no seu horizonte na época. A pessoa que tiver a voz mais elevada, a aparência mais forte, maior autoridade e mais fama é, geralmente a que ganha nossa fidelidade temporária; e nós sucumbimos o molde de nossos ideais a ele. Entretanto à medida que a vida segue em frente, passamos a ter uma perspectiva disso, e todas essas diferentes versões de verdade se tornam um pouco patéticas.

    Cada um pensa ter a formula para triunfar as limitações da vida e sabe, com autoridade, o que significa ser homem (no sentido simbólico e natural), e geralmente tenta conquistar seguidores para a sua patente particular. Hoje, sabemos que as pessoas se esforçam tanto para conquistarem convertidos para o seu ponto de vista porque este é mais do que meramente uma perspectiva da vida: é uma formula da imortalidade segundo o antropólogo Ernest Becker - mas não vem ao caso discursar aqui sobre imortalidade. Para que fique mais evidente a onde gostaria de chegar acompanhe essa passagem:

    “Veja as imagens da ciência e do cientista que aparecem na televisão. Os agentes de propaganda não são bobos. Se eles usam tais imagens é porque eles sabem que elas são eficientes para desencadear decisões e comportamentos. É o que foi dito antes: cientista tem autoridade, sabe sobre o que está falando e os outros devem ouvi-lo e obedecê-lo. Daí que imagem de ciência e cientista pode e é usada para ajudar a vender cigarro. Veja, por exemplo, os novos tipos de cigarro, produzidos cientificamente. E os laboratórios, microscópios e cientistas de aventais imaculadamente brancos enchem os olhos e a cabeça dos telespectadores. E há cientistas que anunciam pasta de dente, remédios para caspa, varizes, e assim por diante.

    O cientista virou um mito. E todo mito é perigoso, porque ele induz o comportamento e inibe o pensamento. Este é um dos resultados engraçados (e trágicos) da ciência. Se existe uma classe especializada em pensar de maneira correta (os cientistas), os outros indivíduos são liberados da obrigação de pensar e podem simplesmente fazer o que os cientistas mandam. Quando o médico lhe dá uma receita você faz perguntas? Sabe como os medicamentos funcionam? Será que você se pergunta se o médico sabe como os medicamentos funcionam? Ele manda, a gente compra e toma. Não pensamos. Obedecemos. Não precisamos pensar, porque acreditamos que há indivíduos
    Especializados e competentes em pensar. Pagamos para que ele pense por nós. E depois ainda dizem por aí que vivemos em uma civilização científica... O que eu disse dos médicos você pode aplicar a tudo. Os economistas tomam decisões e temos de obedecer. Os engenheiros e urbanistas dizem como devem ser as nossas cidades, e assim acontece. Dizem que o álcool será a solução para que nossos automóveis continuem a trafegar, e a agricultura se altera para que a palavra dos técnicos se cumpra. Afinal de contas, para que serve a nossa cabeça? Ainda podemos pensar? Adianta pensar?

    Antes de mais nada é necessário acabar com o mito de que o cientista é uma pessoa que pensa melhor do que as outras. O fato de uma pessoa ser muito boa para jogar xadrez não significa que ela seja mais inteligente do que os não-jogadores. Você pode ser um especialista em resolver quebra-cabeças. Isto não o torna mais capacitado na arte de pensar”.
    (RUBENS ALVES - Filosofia da Ciência introdução ao jogo e suas regras)
    ...

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  2. A intenção de algumas pessoas que escreve, não é a mesma de quem pretende enunciar uma verdade geral, pelo contrario, é a de apresentar duvidas, atiçar as certezas estabelecidas, de provocar uma reflexão e convidar a refletir junto, porque quem enuncia uma idéia ou conceito por mais bem definida que possa parecer ele, na verdade, também pode estar cheio de duvidas a respeito, numa coisa mal resolvida, ou pior poderia estar tentando enganar seu interlocutor afim converte-lo ou comprar uma idéia (ora, se por ventura acreditarem em mim, por favor, desconfiem de tudo do que se diz, pois constantemente minhas idéias estão mudando, justamente para fazer com que novas questões apareçam. Caso contraio seria obrigado a ir aos cultos, participar de missas, rezar o pai nosso e ou até virar padre dentro da igreja, se gostasse de toda verdade prontas e encomendas sob-medida).

    Por Thiago L.
    kisses in the heart

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