SEGUE-ME?

7 de maio de 2011

Luz...


Às vezes parece que em meio à tantos caminhos tortuosos, eu ando em círculos, e as perspectivas sempre são as mesmas. Nada de novo. Nada!
Acredito que quando isso acontece é porque deva ser algum indício de que a direção já foi encontrada, e não é preciso mais procurar rumos, procurar rostos, nem buscar pelos sentidos, mas é hora de aprender a encontrar as respostas dentro de si mesmo.
Ninguém permanece estagnado no tempo ruim. Busca-se alternativas.
Mas quando você não enxerga outra perspectiva, é porque certamente já se tem alguma, embora ainda seja "desajeitadamente", e tida em meio à inquirições e incertezas.
A vida realmente é incerta.
Mas eu acredito que encontrei meu horizonte.
Ele quer me iluminar, eu só preciso aprender a deixar essa luz entrar aqui dentro.


[Naná]





4 comentários:

  1. (A discussão da noção de subjetividade esta bem em pauta hoje em dia, por isso não pude deixar de evocá-la aqui para podermos pensar junto a respeito. Ao final da exposição, provocar um dialogo para ver se você aceita ou não tal idéia, se critica, ou se refuta essa noção e, lançando desde já a seguinte pergunta:

    Estaria nossa sociedade ocidental esvaziada de valores se comparado ao subjetivismo clássico [na qual a pessoa se identificava com alguma referencia coletiva, seja ela política, religiosa, filosófica, familiar, operaria etc. - que lhes permitia dar um caráter e um sentido para viver] e, que devido a descontração de verdades universais, a liberdade, a individualidade, a privatização, agora, estaríamos enfraquecidos e solitários na criação da própria subjetividade - já que referencias antigas não se sustentam?

    O modo como vai ser apresentado essa questão, passa por dois fios condutores que é o “corpo” e o “eu”)

    A critica do “eu” e sua construção no contemporâneo

    Parece sem sentido que alguém possa ser vaidoso e ao mesmo tempo desleixado em não tomar banho, cortar os cabelos e penteá-los, manter os dentes limpos, unhas aparadas, a pele tratada, vestir-se bem e usar adornos e cosméticos. Não se pode ser vaidoso e desleixado igualmente, certo?, Todavia, no passado pré-moderno, uma pessoa podia ser vaidosa mesmo em situações deploráveis, ou quase isso. Podia ser descuidada nos aspectos físicos e, no entanto, ser vaidosa de “si - mesma”, ou seja, do que pensava a respeito de doutrinas ou mesmo de suas opiniões morais e de sua “consciência critica”. Falava-se em “vaidade intelectual” e “vaidade moral”. Em parte isso não ocorre mais. Como podemos entender uma transformação desse tipo em nosso vocabulário?

    O vaidoso e a vaidosa são pessoas que, por conceituação, cuidam de si mesma. Nos termos atuais: cuidam do corpo. A semântica mudou. O “si - mesmo” não é mais o conteúdo do que pensamos, “o que esta na mente”, agora se relaciona fortemente com o corpo de maneira contingente.. Reescrevemos nossa relação com o corpo. Quando nos referimos a nós mesmo hoje em dia, temos a tendência de nos definirmos como “corpo com vida e consciência”.

    A transição de identidade foi fruto do que, em um jargão frankfurtiano, talvez menos preciso, poderia ser chamado de “dialética do corpo” (expressão re-tirada e adaptada do livro “dialética do esclarecimeto” de Theodor Adorno). Podemos ver isso em dois momentos de movimentos histórico-filosofico dos últimos 500 anos. Esse dois momentos estão expostos a seguir como “primeiro” e “segundo” (lembrando que eles ocorrem em mutua cooperação, sem delimitação precisa de tempo e espaço).

    1 - Nos tempos modernos e com a continuidade e aperfeiçoamento no mundo contemporâneo, destacamos o corpo, nos separamos do que seria a mente, produtora de nossos pensamentos, e o afastamos de qualquer elemento sagrado que esta poderia possuir, por conta de sua suposta ligação com a “alma”, tomada segundo uma versão religiosa. Em certo sentido, começamos a falar do corpo dando-lhe importância. Ou seja, descobrimos o cadáver, para fazer anatomia, e o desarticulamos o corpo, que o assumimos como maquina, vivemos a manipula-lo na fisiologia e, depois, na bioquímica e, agora na engenharia genética. Assim deixamos para o passado às cerimônias e os tabus e pudemos manipular o homem à vontade.

    2 – Nos tempo contemporâneos ampliamos a compreensão do corpo como peça manipulável e continuamos o processo de analise sobre ele, e então o articulamos ao “si – mesmo” de uma maquina peculiar. Mais do que manipulação, o que fazemos foi uma reinvenção do homem. Com Nietzsche à frente, passamos a falar dele como se fosse o comandante dos propósitos e projetos humanos. Ele adquiriu a condição de “si – mesmo”. Essa dupla maneira de apresentar o corpo – maquina autônoma (autômato) munida do “eu” - é que devemos levar em conta para entender o que se passa com a noção de corpo no tempo contemporâneo.

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  2. A vaidade deixou de orbitar em torno do conceito de pecado e se transformou na obrigação civilizada e civilizadora. Somos vaidosos por inteiros digamos assim. Até sair rasgado e sujo é sinal vaidade e moda – se feito por pessoas que poderiam não sair rasgadas e sujas. Há um imperativo moral em nossos tempos que se expressa como imperativo estético: ou nos colocamos como corpos, pois somos corpos, ou não temos espaço na sociedade. E isso significa que, em principio, somos “tipos”. Ser um contemporâneo é ser um tipo. Um tipo, na atualidade, é antes de tudo visível – bem visível. Não estamos na era do telegrafo e do radio, mas da TV e da internet e, esta cada vez mais, passa a ser “visual” e “visualmente interativa” (alias uma das coisas que me aborrece é que, na internet, em particular, muitos tendem a admirar os outros mais pela imagem, não raro com photoshop, do que propriamente fora dela. O sociólogo Zygmunt Bauman em seu livro “Amor Líquido”, fala de como as relações estão fragmentadas, ou seja, as relações não têm mais consistência tanto dentro quanto fora do mundo virtual – recomendo a leitura). Estamos em mundo em que tudo é feito para os olhos em um sentido especifico: o que é para os olhos não é (ou não precisa ser) para a razão, para o entendimento por meio de analise, mas para a apreensão rápida. Somos o que somos para ser vistos - tomados em um só golpe de visão. Quem não é um “tipo”, que não tem o seu look não é nada, nem merece talvez for mencionado.

    Muitos diriam que estamos na “sociedade do espetáculo”. De certa maneira, sim. Mas é preciso tomar muito cuidado com essa expressão. Não raro, ela aparece mais como um erro do que como uma ciosa útil para descrever a pós-modernidade. Pois não há espetáculo algum em uma sociedade na qual tudo é feito para ser visto. Pois onde tudo é espetáculo, esse termo cai por terra. Nossa sociedade luta desesperadamente para produzir um espetáculo, exatamente por não tê-lo. A exemplo, basta olharmos a TV diariamente (no fim de semana em especial) para notar. Tudo é tão visual que nada chama a atenção.

    Não é novidade para ninguém que tanto a mulher quanto o homem, e até mesmo a até criança, são requisitada como corpos. Por isso, em nossa época, as academias de ginástica, as clinicas de emagrecimento e cirurgia plástica, a pesquisa geriátrica e de engenharia genética, o mundo da moda, da TV e dos esportes fazem parte de um mesmo campo. É certo, que neste campo, ainda há espaço para terapias psicológicas, mas não mais no sentido tradicional.

    As pessoas não querem só viver mais, mas apresentar um visual corporal “jovem” ou ao menos “saudável”. E o próprio conceito de jovem, é fornecido pelo visual, isso é fácil de ver em nossos tempos: o corpo pode ser ajustado ao “tipo”, como quem ajusta uma maquina (isso me fez lembrar da novela “malhação” da Rede Globo, toda a vida transcorre associada à academia, e só pode transcorrer na medida em que é associada a ela, onde esta o único elemento subsistente: o corpo. Assim, quando os atores envelhecem – e eles envelhecem logo- a novela continua com uma nova geração de atores jovens, que pode substituir precocemente os veteranos. O culto da juventude na novela é muito semelhante ao da Alemanha nazista. Tudo o que apresenta deterioração física ou “defeito” físico deve sair de cena. Afinal, não há enredo, historia drama nem mesmo representação, há apenas a apresentação de novas silhuetas).

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  3. Em uma sociedade em que impera a regra do ser visito, a estética substitui a ética e a moral. Por exemplo, o medico, por sua vez, bem sintonizado com esses novos tempos, com um discurso que remove a culpa do campo moral, libertando-se de varias amarras (ainda que ganhando outras). Tanto quanto o corpo, esta no centro dos processos, que alojou a academia, as clinicas, a TV, o esporte e as tribos urbanas em um campo de mutua cooperação. E, não à toa, a profissão de medico é abarcada pelo campo estético. O medico mais famosos atualmente é o que cuida das cirurgias plásticas, e os cientistas mais importantes são os que “produzem corpos”, os da engenharia genética e similar.

    Contudo, voltemos os desleixados. Eles são aparentemente desleixados – você pode achar isso de aluem por que ele “não é seu tipo”. Como disse até mesmo o desleixado, hoje em dia, faz parte de um “tipo” – um determinado uso do corpo na busca da explicação por identidade. O uso de óculos de moda, barba por fazer aliada e roupas caras podem colocar um homem de menos de 35 anos na posição ideal não de corpo, mas de “visual”, de “personalidade” o homem de meia-idade, sem barriga e cabelos grisalhos, pode se tornar “sonho de consumo” de mulheres jovens. Mulheres com botas enormes e com perfil suavemente tendente a se parecer com o que até pouco tempo era o visual de prostituta ou travesti podem, para além de mostrar um “modo corporal”, ser vistas como um tipo de personalidade. Do mesmo modo, a vida urbana dos jovens, é hoje, um fenômeno de tribos – todos eles mais ligados ao modo de se comportar e de se vestir do que a de um grande ideário. Ou seja, cada vez mais a identidade moral e a própria personalidade se cruzam com o visual e, esta por sua vez, é regrada pelo “império do corpo”. Ainda continuamos a ser sujeitos morais, isto é, pessoas, mas segundo não mais uma moral intelectualizada, mas estética.

    Não estou dizendo que essa estética pede que os “tipos” sejam belos. Alias, a beleza se afastou da estética faz tempo. A estética tem a ver com arte. Com a obra de arte, e esta no século XX, tornou-se quase uma revolta contra a beleza. Nós, submetidos a imperativos estéticos que substituíram impérios éticos, caminhamos segundo esta ética de nossos época: não importa se belo, importa ser um “tipo”, que possa dizer tudo sem dizer nada. Então o “tipo” redefinira o belo. Ao mesmo tempo, redefinirão bom; em geral o bom, ser apenas o que na gíria se diz: “ah, ele é um cara legal”, “Nice guy”, “boa gente”, “sangue bom” e assim por diante. Note que são expressões que falam de normas de comportamentos corporal, e geralmente são “superficiais”, segundo um disposição visual.

    Isso tudo também se expressa, também, no âmbito da educação. Nas escolas os estudantes deixaram de fora os uniformes para serem livres, diferentes, e eis o que logo percebeu (ou não?) que todos estavam iguais novamente: tatuagens e calças jeans dominaram as salas de aulas. As moças passaram a mostrar o umbigo, com calça de cintura baixa, e já que o umbigo estava fora, resolveram colocar ali um piercing, para ficar diferentes – isso se tornou sexy. Eis que estamos numa sala de aula no colégio e é como se a escola tivesse adotado tal padrão de uniforme oficial: ou todos são sexy ou não alunos. Isso não é bom nem mal – penso eu. Mas é um indicio de que, na educação, mais do que em vários outros campos, todas as informações e opiniões estão sendo articuladas do corpo...

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  4. Estaria nossa sociedade ocidental esvaziada de valores se comparado ao subjetivismo clássico [na qual a pessoa se identificava com alguma referencia coletiva, seja ela política, religiosa, filosófica, familiar, operaria etc. - que lhes permitia dar um caráter e um sentido para viver] e, que devido a descontração de verdades universais, a liberdade, a individualidade, a privatização, agora, estaríamos enfraquecidos e solitários na criação da própria subjetividade - já que referencias antigas não se sustentam?

    Por Thiago L.
    kisses in the heart

    (obs: o processo de subjetividade é bem mais que isso, muito não foi dito. quem dera que fossemos apenas imagem numa ausência total de consciência, além do mais, foi explicado apenas como as pessoas se igualam, não apresentado aspectos de como elas se diferenciam. por isso duvide do que esta sendo dito)
    (se tiver interesse em entender melhor essa lógica veja a palestra: A vida como fluxo e a vida como descontinuidade do sujeito transitório às identidades congeladas - André Martins// http://www.cpflcultura.com.br/site/2009/02/28/a-vida-como-fluxo-e-a-vida-como-descontinuidade-do-sujeito-transitorio-as-identidades-congeladas-andre-martins/)

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