SEGUE-ME?

30 de junho de 2012

"Nostalgia By Me"


Lispector definiu divinamente o termo "saudade", metaforizando a clássica: "Saudade é como fome". E eis que eu, perturbada (pra variar), decidi descrever, desacumular essa redundância palpitando aqui no meu peito, essas retumbâncias que excisam o meu sossego: 

Saudade é como fome! 
Uma fome insaciável. Uma gula! 

Saudade é um pecado. 
Um pecado imortal. Uma sede descomunal. 

Saudade é como aqueles perfumes que exalam um encantamento paranormal, que te fazem perder os parâmetros do chão e do céu, e quando você se dá conta já está intoxicado com o nocivo "fel doce".

Saudade é insônia mascarada de desejo, miscelânea de angústia, borboletas no estômago e gastrite nervosa.  

Saudade é um bicho monstruoso que te devora aos poucos, te abocanha sem medo do tempo, e te estapeia impudica e descaradamente. 

Saudade é doença, saudade é cura. 

Saudade é a presença da ausência... 

Saudade é querer e não poder... 

Saudade é aquele vazio de se sentir impotente e longínquo, diante daquele íma que te puxa para uma direção ineloquente... 

Saudade é quando se olha pela janela, e o céu está cinzento, e o vento está gélido, as aves do céu deixam de ser tão coloridas, e o quarto é o lugar onde o teto parece desabar sobre a sua cabeça. 

Saudade tem o dom de parar o tempo. 

Saudade sufoca! 

Saudade me deixa louca, impaciente, tresloucada, desbocada, deslocada... 

Saudade é a roupa que tu vestiu, meu bem, e se afigurou de protagonista dos meus pensamentos, dos meus dissabores, das minhas lacunas, das minhas interjeições estupefatas e melancólicas, do meu fastio desinibido, e das vozes emudecidas que ecoam nessa minha mente maculada, envolta à perquirições descabidas. 

Minha missão inexequível é encontrar outro figurino para você... 
... o ensaio já terminou, será que dá pra parar de se vestir da minha saudade e parar de viver cá dentro desse meu cerne coagido e descompassado, me deixando com as mãos trêmulas, os passos trôpegos, a visão turva, e somente isso e mais nada???? 

Você é a parte do meu ego que mais me confunde, que mais me aprisiona, que mais me puxa pra baixo, mas ao mesmo tempo me eleva com as lembranças de outrora. 

Você é a parte mais irônica da minha vida, que eu tanto amo, mas que preciso, com toda a urgência do mundo, aprender a me esquivar de pensar, de sentir, de saber... 

Minha saudade, nas entrelinhas, é um medo tremendo de não sentir mais saudades de ti. 

Saudade é indefinível, é uma praga que nos acomete, puta sentimento intransigente, viu! 


(Eu falei que saudade me deixa tresloucada... haha!) 



 (Naná) 
 26/06/2012




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente: