SEGUE-ME?

21 de agosto de 2012

Talvez...


Tudo o que eu consegui depois de anos [embora isto não soe irônico], foi me tornar uma garota esquisita, que sobrevive por entre lacunas e caminha à passos trôpegos na transitoriedade de um mundo que se aparenta cinza aos meus olhos, ofuscados pela liberdade de crer na minha própria convicção de ser uma perpétua fonte de desinteresses, que deságua em mares revoltos, herméticos e inassimiláveis por outrem. Dias regados ao som da lugubridade e noites envoltas à um solilóquio já desfigurado pelo torpor que atropela as ideias e entorpece a consciência. 
Eu bem tento anuir-me ao silêncio, mas as palavras tentam me estrangular num ritual pungente de asfixia, e os meus dedos, trépidos e desgovernados escrevem nessas mal traçadas linhas, palavras que a alma extravasa com medo de se afogar de vez. 
Pontes, tropeços, tombos e mais nada, portas fechadas, mofa. 
Conheci a tolerância, a paciência, e encarei o chão nas vezes que caí, e tornei a me levantar e encarei o mundo, com a alma lavada e a nudez de alguém sincero que tenta deparar-se com a reciprocidade. Talvez isso seja uma aparente cegueira, ou talvez ainda eu seja mesmo uma careta que não se enquadra no quebra-cabeça... 
Talvez eu seja um pretensioso equívoco que deixou-se acometer por uma causticidade que adentrou nos póros, portadora de um caráter estulto... 
Ou ainda pode ser, na mais cômica das realidades, que eu apenas precise de alguém que eu não sei se existe, se tem carne e osso e se fala a minha língua, e talvez algum dia me note, ainda que com toda essa feiúra e esquipatice a qual eu sinto e vejo quando me olho no espelho. 

Talvez mesmo eu devesse "sumir do mapa"...


(Naná)
13/08/12




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