SEGUE-ME?

10 de dezembro de 2012

"É de morte que eu falo..."


Morte... 
Uma incógnita que pormenoriza a confusão mental, que abate o espírito e deriva o medo, a angústia, o fim de um ciclo. 
Morte... 
Ninguém sabe como encará-la, contra ela não há defesas, contra ela restam somente lágrimas e reflexão. Morte... 
É uma cicatriz perpétua no âmago, um rio que corre entre a saudade e a ânsia de recuperar um sopro, um olhar, uma veia pulsante, um suspiro, um resquício de vida... 
Morte é palavra severa, que unifica a distância e a ausência, e o medo. 
Morte... 
É um poço sem subida, que faz deslizar na desesperança. 
Morte é casa sem portas, sem janelas, sem luz, sem cor, imota. 
Morte é uma transição para o desconhecido, para o inesperado. 
A morte nos rouba o tempo, e faz rememorar. 
A morte física é sem volta, é fria, nociva... 

Mas há quem diga que está morto, mesmo tendo vida. 
Há quem diga que viver é um labirinto, incapaz de ser desbravado. 
Há muita vida morta vagando à esmo por aí, 
Há muita morte correndo dentro da vida. 

E eu lamento que a morte seja até mesmo em vida. 
Lamento que a angústia seja inadiável para muitos, 
E que o sopro fúnebre embala o enterro de mortes não consumadas, 
De corações e almas acometidos por extravios, por espasmos intolerantes à cura. 

Sim, existem muitas mortes sem nome. 
Pessoas sem nome, sem identidade, mas mortas. 
Assassinadas pela melancolia da estaticidade, 
Pelos desassombros da dúvida, 
Pelo medo de entregar-se à luz. 


É de morte que eu falo. 
É de vida que eu tenho sede. 


(Naná) 
02/11/12





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