Da janela do meu quarto, 'debaixo' do brilho da lua, alada às incessantes introspecções, observo a chuva cair ... primeiro aos poucos, acompanhada de uma brisa leve que põe as árvores a bailarem, depois com o ritmo mais acelerado...
Sinto o frescor do ar e o cheiro de terra molhada que me traz uma certa paz desconhecida, e desconecto-me por instantes do mundo que me circunda, deixando meus pensamentos percorrerem os meus póros.
Fecho os meus olhos e entrego-me à essa dose de tranquilidade que percorre nas minhas veias, que trespassa os limites da consciência e acalanta o âmago.
Por um momento me sinto enraizada à uma ordem sobrenatural que muitas vezes deixo passar despercebida.
São dias que nascem, sóis que brilham, queimam, nos fazem inspirar, expirar e transpirar com o suor da labuta, incitam-nos e nos convocam à correria quotidiana, e trilhares de outras denominações de ações debaixo da aurora.
Mas eu, um ser atribulado, hermético e nada convencional me regozijo com a noite.
A noite é uma das coisas que mais me identifico, e é o momento mais especial das 24 horas de cada partícula da minha vida.
São essas coisas tão simples como ver a chuva cair, sentir o vento bater no meu rosto, ouvir o som das árvores, os pássaros cantando, ou até mesmo essa minha fascinação pela lua, pela noite, que são meus guias, sustentáculos para vencer a lugubridade que por vezes tende à me sucumbir diante de um contexto desordenado que perambula pelo mundo...
Num espasmo de introspecção, concluo que a natureza nos dá muito mais do que nos tira, e os seus sons, a sua órbita, a sua "pele", sempre trazem o homem de volta para aquilo que ele deve ser.
(Naná)
31/10/2012
[Só para deixar claro: Notívagos são às avessas, mas nem sempre isso tem a ver com boemia].
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