SEGUE-ME?

1 de setembro de 2013

Os "nós".



Sempre é complicado falar sobre nós mesmos. Diria que é uma missão aliada ao inexequível... Nossa lente interior é muito mais nítida do que a imagem que refletimos ao olharmos no espelho, ou das palavras que mencionamos, carregadas de significados redutíveis à superficialidade (inevitavelmente). Pele, carne, osso... tão palpáveis, em contrapartida, suportam tanta coisa intangível.
Como se mede um espírito, uma alma, um pensamento? Não se mede... São significados inestimáveis, sem parâmetros exatos, sem regras, apenas ressoam cogitações, suposições, aparências acerca do que a nossa visão limitada suporta enxergar.
E diante de todas as nossas inexatidões reside o caos... e quando remeto-me à palavra "caos", a sensação é que ele soa negativamente para muitos, senão a maioria; de qualquer modo vejo o caos como um bem/mal necessário.
Nas lutas e nos fracassos aprendemos a nossa própria nitidez, assim como uma prova de fogo, com dor, dificuldades, muitas das vezes uma angústia aparentemente incessante, e nos deparamos com o nosso tamanho, ínfimo, diante do mar de estranhezas que nos envolve e nos acomete. E aí chega o medo, os desafios, e junto com eles o grau de disposição à enfrentá-los... Eis a ausência de resposta que perambula nos corredores do meu cerne, coagido pelas perquirições: de onde surge a força que nos permite sucumbir para regressarmos do mar revolto, mais sóbrios, mais limpos e mais sãos? No caos nos desintegramos para nos tornarmos mais inteiros, mais lúcidos, mais nós mesmos, na verdade.
A vida é um dilema para quem se prende à perfeição, à convicções fugidias da realidade; a vida às vezes nos derruba com a sua hermeticidade tamanha, com as vozes inaudíveis que ecoam nos nossos ouvidos, com as imagens distorcidas quando temos receio de aprender a mergulhar no profundo ao ponto de reconstruir os alicerces... Sempre é complicado falar de nós mesmos...
Às vezes julgam o "conhece-te a ti mesmo" como endeusamento, como egocentrismo, como se o mundo girasse em torno do próprio umbigo, ou até mesmo como uma desculpa para a fuga, para a evasão do mundo exterior... Mas com o tempo o exterior transmuta-se, aliás, tudo muda... o tempo é fiel aos que aprendem a se conhecer, que reconhecem a necessidade da espera e do silêncio, a necessidade do sorriso e da lágrima, a necessidade de introspecção e de compartilhamento...
E analisando tudo isso, passo a enxergar o caos como uma moldura, ou um barro, que nos molda, e que anda de mãos dadas com o tempo...
A consciência é a medida das coisas, mas o seu nível, a sua profundidade é sempre a chave, a via régia que condiciona a proporção dos atos e da pré-disposição sobre todas as coisas.  

(Naná) 
26/04/13

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