De onde nasce o poema?
Parei e me inquiri.
Meus pensamentos sobrevoaram e se "enterraram" na questão.
De onde nascem os versos, por vezes calmos, em outras vezes irrequietos?
O silêncio da dúvida me devorava.
De onde nascem as linhas, tortas, tênues, profundas, disformes ou oblíquas?
Será que o poema tem início, meio e fim?
E tempo?
No meu raciocínio (ainda leigo e raso), concluí:
O poema nasce prematuro, e depois, com o tempo amadurece.
O poema nasce junto do poeta, no seu próprio desconhecimento de outrora,
E contorna-se na sua pele, na sua tez,
Firma-se nos seus pés,
Comanda as suas mãos (e as suas asas).
O poema sofre as suas mortes e os seus renascimentos,
Tira-lhe as vendas,
Brilha-lhe o pranto,
Canta-lhe o canto silencioso da introspecção
E da erosão (das palavras).
O poema se eterniza no papel,
onde o poeta lhe fala do perene,
do inacabado,
do sublime,
No amanhecer, no entardecer ou anoitecer, sua voz emudecida lhe aquece.
O poema nasce do descobrimento do "não saber",
Nasce do enfrentamento do medo
Nasce das renúncias ao "não ser".
O poema não morre, é definitivo,
Ao contrário do poeta,
que cerra seus olhos,
mas deixa na superfície suas linhas e páginas,
que ainda gritam e testemunham a sua vida.
(Naná)
22/12/13
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