SEGUE-ME?

29 de junho de 2012

"Aberração"



Eu não acredito em pessoas! Por isso sou essa aberração ambulante. 
Confesso que já deixei-me iludir por pensar, outrora, que era constituída do mesmo tipo de entranha que os outros... mas o tempo, com as mazelas, abriu-me e virou-me do avesso... o tempo transpassou a carne, o cerne, as veias, os movimentos, os ecos, os sentidos... ele passeou em cada vazio e me trouxe à tona a verdade: eu não sou comum! 
Tentei fingir não saber, mas sou tão transparente que chega a ser irônico, mentir. 
Eu sou uma daquelas "coisas" que as pessoas desconhecem e se atemorizam... sou composta de labirintos, e de perdas, e de um amontoado de bagunça que torna a ponte entre os outros sempre mais longínqua... e cheia de obstáculos. 
Eu sou muita coisa que não sei, e tenho medo de ser assim... caminho com passos trôpegos de sentir, e não me "caibo" nesse mundo. 
Me sinto ínfima, esquisita e sem graça... mas brigo com monstros aqui dentro todos os dias, que devoram as minhas convicções de que ainda resta-me alguma probabilidade de ser notada sem a tal da rejeição pela minha inconveniência, a qual não ultrapassa o meu jeito de ser, natural... 
Acho que escrevo pra não me sentir tão sozinha, embora as palavras que eu "teço" não passem de linhas irregulares de raciocínio, vãos e ilógicos. 
Eu só preciso me acostumar com as coisas esquisitas que sinto, e a conviver com "pessoas"... não tenho alcançado muito êxito nessa árdua missão... aprender que o diferente nem sempre é aceito, e que eu sou um desses poréns que param pelo caminho... 
Na realidade eu não sei se tenho coração ou o coração que me tem... não sei se o meu cérebro é o que fala ou meus dedos que pensam rápido e vão deixando os pensamentos, como vestígios... resquícios de que algo transborda por essas linhas... 
"Pessoas", me perdoem por estar aqui no mundo de vocês... ainda estou me adaptando a ser deste modo sem incomodá-los. 
Eu não vou mais adentrar no caminho de ninguém, pois sei o meu lugar e não quero mais ser vítima de preconceito. 
Eu vou ser aquela aberração beeem comportadinha, que fala pouco e não se envolve, e que por sentir em demasia vai chorar quietinha no canto pra que ninguém o saiba. 

Acho que aberrações, por serem incomuns não têm pares... e nem sei pra que servem, afinal... na verdade, acho que só pra cobrir as lacunas das pessoas, talvez porque eu sinta demais, e elas, de menos... 

Mas tudo bem... Gosto das estrelas, da lua, da noite... e de ficar pensando como ser pessoa deve ser legal, embora eu não seja! 

Deve ser legal ser "menos cheio", ou "pouco cheio", porque aberrações são "fora de moda"... sentem muita coisa dispensável, e nunca passarão de simplesmente... "aberrações"!


(Naná)
16/06/2012






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