Faz tempo que não escrevo nada tragável. Aliás, meus sentimentos sempre foram herméticos demais para que eu chegasse ao ponto de transcendê-los, derramando-os em folhas em branco, rasgadas pelas desilusões toscas que depois sempre fizeram-me rir.
É, a vida dá voltas. Pensava eu hoje.
Pensava em como eu mudei, como me olho diferente no espelho, a maneira como me encaro, como eu vibro e como sucumbo, como eu grito e como choro diante do quotidiano, do alheio e do nada convencional.
O tempo é sempre impactante e mede as nossas escolhas, cria conflitos ou praticidades, abre e fecha portas dentro de nós mesmos e dos caminhos que nos são impostos ou dos acasos que batem à porta.
Essa tendência quase que maníaca de ser sozinha é um dom que sempre me calçou os pés e serviu de asas à alma; confesso que isso é um degrau pelo qual caí muitas vezes, estando descalça, desnuda, atada pelo medo que assola as mentes inquietas e paranoicas.
Muitas pessoas me perguntam porque eu sou assim tão complicada e caminho de mãos dadas à evasão... e tais inquirições sempre me perturbaram por eu não saber a resposta.
Foi então que busquei resquícios, indícios desses fantasmas e desse humor abrupto e da involuntariedade da disposição em criar "nós". Dei voltas e mais voltas, corri e parei dentro de mim, vivi e morri muitas vezes ao pensar, e não decodifiquei tal incógnita... descobri apenas que pessoas como eu, envoltas à conceitos difusos e até obsoletos sentem mais do que o consuetudinário, e esses sentidos são como lentes de aumento, e de aumento de distância também...
Regozijo-me com a solidão, e isso assusta.
Estou à margem da confraria retumbante, sou um peixe fora d'água, um avesso descabido, um ser tresloucado e vão, uma bomba prestes à explodir...
Meu realismo à flor da pele é sempre lamentável, dramático e incoerente.
Essa é a minha navalha de cada dia, âmago desafiador, briga de lobos boçais dos meus "eus" intransigentes...
(Naná)
21/10/12
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