SEGUE-ME?

2 de dezembro de 2013

Palavras...


Já consegui arrancar palavras de mim mesma, sei lá de onde. 
Na verdade todas as vezes que eu transbordo, elas são os primeiros sintomas que se projetam para fora. Acho que guardo tantos mundos cá, comigo, por isso a asfixia dos sentidos. Mas nunca tenho como fugir, sem deixar escapar alguma fagulha do que precisa sair. Quando sai ela se apaga, quando ela sai, eu me liberto. 
É uma tremenda bobagem esse ciclo ininterrupto. (Sobre)vivo para escrever, escrevo para não morrer. É mesmo uma questão descabida, para não deixar faltar a dose de oxigênio necessária ao corpo, ao cérebro, tomado pela inquietude e demasiada consciência. 
Às vezes me confundem com os livros, emudecidos, esquecidos em prateleiras onde apenas se mostram, mais nada. Vivo no meio deles porque só eles me notam, são meus chamarizes, enquanto a vida lá fora, corre indiferente, azafamada. Acho que a minha maior intimidade sempre ocorre com meus solilóquios... tão sagrados, tão malditos, tão livres e tão fraccionados. 
Sou uma dose diária de palavras que ninguém compreende, de versos que ninguém decifra, de olhares que ninguém quer ver. Noto os esgares com moderação, e me silencio. Silenciar é sempre o meu melhor. Tenho síndrome da Incapacidade do amor-próprio, em contrapartida, tenho "calos" nas mãos por (des)amar. 
Há dias eu tento encontrar algo que me devolva a força do hábito em crer, mas a fé é escorregadia e se afunda no poço. Outro dia me chamaram de depressiva, e eu argumentei que ninguém possui direitos... direito de julgar, direito de apontar defeitos, direito de ser. Eu nem sequer tive o direito de não querer existir...
"Direito" é mesmo uma invenção criada para reivindicações que não funcionam. 
Acredito é em nudez, naquela que rasga a pele, naquela que te sacode e te faz acordar para a dor. 
Acredito que muitas coisas são em vão, principalmente o que eu escrevo, afinal ninguém me lê mesmo..... 


(Naná)
09/10/13



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