- O que está fazendo?
- Nada.
- Você está sozinha em casa?
- Sim.
- Onde está a sua família, seus amigos, seu namorado?
- A minha solidão te importa? Não responda, porque eu mesma já não me importo com a minha desimportância...
- Pare com isso.
- Sim, eu sei que isso incomoda, desculpe.
- Mas...
- Olha, não precisa fingir que se preocupa, e detesto me sentir dramática. Só estou tentando aprender a me aceitar, assim, ok?
- Você não precisa ser assim.
- É, não mesmo. Talvez eu não precise de nada. Talvez não precisem de mim.
- Olha você de novo.
- Deveria evitar falar comigo.
- Você é legal, talvez apenas precise de ajuda.
- Sim, você tem cicuta?
- Não, tenho vinho.
- Que pena.
- Porque disse isso?
- Só queria brindar à vida, mas com vinho não dá, perderia o "foco".
- Foco?
- Sim, vinho não me deixa invisível, como deve ser.
- E porque quer isso?
- Só quero facilitar as coisas.
- Você é louca.
- Isso não faz diferença.
- Por quê se menospreza tanto? Precisa parar de ser tola.
- Olha pra mim... pareço alguém legal?
- Sim.
- Mas é que você não vê por dentro.
- E eu deveria?
- Ninguém deve nada. Apenas o faz se quiser.
- Certo.
- Não quero falar mais sobre mim.
- E por quê?
- Perda de tempo.
- Acredita em Deus?
- É, Ele deve existir sim, e deve estar me poupando.
- Poupando de quê?
- De coragem. Falhei duas vezes.
- Falhou com o quê?
- De continuar a deixar que Ele me poupe.
- Você está me assustando!
- Nunca é minha intenção, mas acho que de um modo ou de outro consigo isso.
- Você prefere se conformar?
- Tenho um quarto de século, acha pouco esse tempo de esquisitice? rs!
- Não teve graça.
- Pra mim sim.
- Você precisa parar de ser assim.
- É, vou parar. Tchau!
- Hey, espere!
- Diga.
- Fica mais um pouco!
- Não posso.
- E por quê?
- À princípio pensei que estivesse falando comigo pelo que sou, e não querendo que eu seja diferente.
- Mas eu...
- Relaxa. Já me acostumei com as pessoas.
- ...
- Tchau, vou ouvir Radiohead, estou sem sono.
(Naná)
18/08/2013
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