SEGUE-ME?

17 de julho de 2011

Do que são feitas as lágrimas?


Do que são feitas as lágrimas?

Talvez elas sejam o suor de almas cansadas,
Representem o brilho da luta
O olhar que busca a vitória,
A ânsia por um sorriso.
São luzes acesas do coração que transbordam pelos olhos,
Da necessidade de um afeto, um carinho.

Pode ser também que elas sejam uma fuga,
Uma fuga desajeitada do torpor,
Seja pela alegria ou pela dor.


Para você,
Do que são feitas as lágrimas?




[Naná]





11 comentários:

  1. hummm!!! boa pergunta. na escola, as vezes, ensinasse tantas coisas inúteis, quando existem tantas outras importantes e que faz parte da vida como aprender o que é a alegria ou tristeza mas que infelizmente não é discutido.


    talvez, a resposta a essa pergunta esteja numa palavra fundamental que seria "afeto"...

    ...

    kisses in the heart

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  2. Os "conceitos" da vida, são aprendidos na escola do tempo, Senhorito Anônimo! rs

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  3. Porque você acha isso? o que são "conceitos" da vida? e porque eles são aprendidos apenas na escola do tempo? eu nada sei disso, poderia me explicar para que entendesse?

    Por Thiago L.

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  4. Os "conceitos" são as nossas acepções, que têm mãos dadas às nossas experiências no decorrer do tempo em que vivemos.

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  5. *Diálogo: uma viajem com os afetos.

    JERRY: os afetos sempre incomodaram aos homens.

    TOM: incomodaram como?

    JERRY: é porque eles duram como aquilo que se senti e transforma, e quando eles duram como expressão pode se transformar numa força extremamente potente que nos expandi e nos mobiliza.

    TOM: o que isso significa?

    JERRY: significa que todos os seres humanos, buscam o que lhes útil e o que lhes útil é o que aumenta a sua potencia de agir.

    TOM: mas o que são exatamente os afetos?

    JERRY: tendemos geralmente definir afeto como carinho, ternura, afeição, embora essa definição não esteja incorreta, o termo, num sentido mais amplo, diz respeito aquilo que nos afeta. O afeto é o resultado da interação com o ambiente, das relações, ou seja, é o resultado do que nos marca e do que nós marcamos - tanto externamente quanto internamente-, e o que nos caracteriza nessa interação é a nossa potencia de agir que esta sempre pulsando e que quer realização de si mesmo, isto é, nós termos uma força interna que quer expandir-se e que faz com que desejemos tudo aquilo que a aumente essa expansão na afetação, e essas coisas que a expande é mediado pela expressão de coisas externas. Poderíamos dizer que, tudo aquilo que nos realiza nós sempre as desejamos de forma interessada, só que esse interesse pode ser tanto de fato ser um interesse que manifesta nossa potencia realmente quanto pode ser um interesse que não tínhamos, mas que em dado momento passamos a ter, sem motivo, sem razão, sem pedir. Explicando melhor: existem desejos que são determinados por causas próprias que são aqueles que nos expandem, basta pensar naquilo que fazemos e que por vezes falamos que "isso tem a minha cara", ou "isso me faz realizado" ou “essa coisa me da prazer - para alem de um prazer comparativo”, ou seja, o prazer da realização se dá na própria expressão, na própria ação que ganha forma - e não por que sempre nos falta algo ou que deveria faltar para depois nos sentirmos realizados em alguma concretização. Às vezes o nosso desejo nos move por que gostamos de tal coisa e que por isso queremos mais. Essa realização satisfaz a nós mesmos e provavelmente não satisfaz outras pessoas, e que, portanto não se realiza na submissão ao outro ou causa externa. Nessas experiências nós nos “perdemos” no fluxo do tempo que apenas flui sem percebermos. No entanto, existem desejos que são movidos por causas externas, por exemplo, desejar comprar algo que realmente não é necessário, comer alguma coisa que de fato não alimenta ou não nutre, querer inserir-se num grupo de social prestigiado por força (não necessariamente) de propaganda, é um tipo de desejo que foi imposto dentro de uma passividade da pessoa – e isso pode ser bom ou não dependendo de como se interage. quando isso ocorre temos a impressão de que aquilo realmente aumenta a nossa potencia de agir, pois faz-nos sentir mais forte, mais satisfeito, mais acolhido, no entanto essa realização é passiva, sua concretização se deu (só) por causas externas – e se continuar só externamente – (assim) vai durar enquanto a causas externas durarem. Em outras palavras, diante de não saber como expandir-se na vida e si mesmo, qualquer estimulo dentro de uma inatividade, de uma não-ação, pode servir como paliativo para que nos expandir.

    TOM: como eu posso entrar em contato com tal experiência?

    JERRY: certamente não é fácil e nem simples TOM, pois na maioria das vezes nós próprios mal temos acesso a nossa própria experienciação espontaneamente. É ilusão pensar que se tem controle total disso, isso se complica mais quando percebemos que cada um é sempre singular e inacessível ao outro e vice-versa. Raramente o homem é espontaneamente consciente das causas que o levam a agir, e a desejar.

    TOM: sem duvida.

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  6. JERRY: um dos meios de aumentar e se aproximar dessa potencia de agir é através da expressão. O campo da expressão é o campo da ação que é afetivo tanto externamente quanto internamente, e tudo o que se expressa, de alguma maneira, vai ganhar forma.

    TOM: forma de ação, numa mascara emocional, de uma ação motora, de som, de imagem, de cheiro, numa forma de pintura, de poesia, de escrita, de pensar, etc..

    JERRY: correto, e com essas formas de se afetar também se é afetado, por exemplo: numa exposição eu crio um historia geral, em seguida organiza o que se vai dizer o roteiro a seguir e os textos a se referir, mas quando começo a olhar as pessoas e ao ambiente, passo a ser afetado pelo entorno, essas formas começam a se transformar. A principio pensava-se ir por um caminho, no entanto depois se vai indo por outro, até que as coisas vão se reorganizando e ganhando novas formas dentro de um contexto. O que estou produzindo aqui, o que falo nesse momento, só e estou falando desse jeito devido a um certo modo de afetação, se eu não tivesse estudado, pesquisado, sentido, feito algumas escolhas, interagido nas relações com pessoas e com ambiente, em suma, vivido tudo que vive, essas coisas todas poderiam passar despercebido e na ter expressão nenhuma como a que tem aqui. Então, se os afetos percorrem toda a vida (interna e externa) podemos afirmar que eles a impulsionam para a ação, para a expressão aumentando a potencia de agir. Essa potencia de agir pulsa. A pulsação se manifesta de dois modos fundamentais que são: na expansão (que é ativa ou reativa) e na contração (que é inativa ou adaptativa de sobrevivência)

    TOM: o que faz essa pulsação?

    JERRY: a vida no corpo necessariamente pulsa, um corpo pode tanto se expandir quanto se contrair e então afetar o ambiente pela própria pulsação. A ostra, por exemplo, pulsa, ela tem uma casca que é muito dura, na sua interação com ambiente ela se abre (se expande ativamente) para ganhar expressão e também se fecha (se contrai para se adaptar) frente a um perigo real de um predador.

    TOM: claro, pois poderia vir um animal e comer-la e isso é um risco.

    JERRY: sim, mas caso ela não faça nenhum contato com esse perigo e estar sempre inativa, ela pode endurecer, imobilizar e morrer. Ou caso ela viva apenas reagindo para se expandir, haveria um momento que essa dependência haveria de acabar por que as formas não se sustentam para sempre. Contudo, isto não quer dizer que expansão deva ser superficial, pois quanto maior, na medida do possível, forem os seus horizontes melhor, assim a expansão se torna mais diversificada e rica - mas que, sobretudo que ela seja ativa e consciente. Ter um limite na expansão é importante, pois além de fazer com que a expansão não se transforme numa desmedida que pode matar a si, ela organiza e da forma ao que ainda não tem forma, mas, acima de tudo, não ter limites fixos é o que vai garantir que se continue vivendo, viver o des-limite é a finalidade, viver a expansão é o objetivo, ou seja, o limite não pode ser o fim, pois se for assim, perde-se a capacidade de afetar e ser afetado e com isso perde-se a expressão que ganha forma e aumenta a pulsação e, por conseguinte perde-se a própria pulsação que seria aquilo que nos realiza. O des-limite, portanto deve sempre prevalecer para que se crie novas formas. Assim também como risco, que você mencionou, é fundamental já que é ele que faz com que aprofundamos a vida dentro de si, por que a vida é um risco, ela te lança no movimento dinâmico da expressão que é intenso e constante, e você tem que suportar e se relacionar com a pulsação, que se contrai e se expande, construindo e se relacionando com movimentos e formas que podem ser perigosas, no entanto necessárias. esse risco faz com experimentamos a vida de modo que poucos conseguem ou tem coragem. ("quer permanecer sempre jovem? corra riscos")

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  7. TOM: e como nós inventamos formas?

    JERRY: o movimento é básico e na maioria das vezes o mesmo. Se a vida é pulsação, sempre vai precisar de um limite - como disse -, no entanto para que se produza uma forma singular de existência, haverá também sempre a necessidade de construir novas formas, e essas novas construções vão estar o tempo todo ameaçadas, portanto, não se limitando a formas padronizadas.

    TOM: E como sabemos disso?

    JERRY: uma dos modos de se fazer isso foi falado quando dissemos que pulsação interna por si mesma procura querer sempre se expandir cada vez mais, e que a expressão é o campo mediador que permite ao aumento dessa pulsação. Outro modo de se fazer novas formas se dá através da consciência do tempo - tanto o passado quanto do futuro que se anuncia - embora ambos se mostrem no presente que afeta. As formas vão perdendo a validade (por exemplo: um bebe, uma criança, um jovem, um adulto, etc.), e se elas perdem a validade também tem que se saber viver essas mortes, aprender a morrer, a se desorganizar, suportar com alegria (sem resignação) o reconhecimento em termos da experiência que, algumas coisas nós ganhamos e outras perdemos. Digo isso por que vivemos num momento muito perverso. A vida é cruel, mas o nosso momento da historia é perverso - que é diferente da crueldade. Isso pode ser observado, por exemplo, no culto da juventude, parece que só serve aquilo que é absolutamente novo, parece que estamos tão velozes no dia-dia que não nos damos conta da morte das nossas formas, e não se dando conta delas não se consegue sentir a vida, por isso queremos prolongá-la, as pessoas lutam para viver uma vida idealizada na eterna juventude - discurso que ganha força cada vez mais pelos vários setores da sociedade que anunciam freqüentemente maior longevidade - pois é necessário reconhecer o limite e a validade das formas, reconhecendo o limite de si mesmo reconhece-se o outro, e com esse reconhecimento aprende-se uma coisa importante para a convivência que se chama ética, por que a construção da ética não passa só por uma decisão da cognição e conhecimento, mas passa fundamentalmente pelo reconhecimento de que o outro também afeta e é afetado, e se essa afetividade não for controlada pela ética, pode se transformar em relações tirânicas.

    TOM: ouvindo você falar caro JERRY lembrei-me de coisa semelhante. Recentemente vê numa conversa que algumas pessoas não queriam perder a forma de criança. “Ora” pensei “talvez não se caiba mais nela, mas nem por isso preciso-se perder a jovialidade” – uns dos que conversavam tinham opinião semelhante a minha -, “e isso são duas coisas muito diferentes, nós não precisamos ficar velhos e tristes, ao contrario abre-se uma nova possibilidade de existir”, e como você bem apontou quem não reconhece os limites não pode avaliar a perda e o ganho e nem sentir a vida passando, sentir a vida que pulsa dentro de si, aqui no presente.

    JERRY: alias, falando em morte, a arte, por exemplo, em suas mais variadas formas, permiti criar mecanismos para que possamos gritar essa intensidade que é perceber a vida e a morte, ela nos coloca no tempo e nos faz amar a vida. Assim quando você esta triste e ouvi uma musica, assisti a um filme, lê uma historia que te comove à arte faz com o seu sofrimento se torne alegre (com isso não quero dizer que tenhamos que viver sofrendo, mas que) isso faz intensificar a vida dentro de si - Alegria e tristeza não se separam, elas se afetam juntas, são variações de uma mesma substancia. Por outro lado, não raro tendemos a pensar de forma lógica; pois se eu estou feliz eu não estou triste, se eu estou triste eu não estou alegre. Mas sabemos que, às vezes, um acontecimento nefasto na sua vida pode ser um premio que pode mudá-la radicalmente, ao passo que, às vezes, um presente pode ser a destruição dessa mesma vida.

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  8. TOM: nesse caso, a vida pode ser considerada uma arte?

    JERRY: certamente que sim caro amigo, e a vida reconhecem isso e produz mais formas, e tal acontecimento se repete em cada um de nós, pois que a vida se inventa por si mesma, e ela se inventa em nós e nós se inventamos nela - a consciência proporcionou que perceberemos isso. Temos que sair um pouco do campo da interpretação e ir para o campo da expressão, o afeto se mostra na própria expressão. A contração da vida se apresenta na contração do corpo, portanto, se quisermos expansão na vida deve-se criar expansão no corpo, e isso não é uma questão de ser jovem ou velho, mais sim de se inventar e afetar-se e ser afetado. Temos que sair um pouco campo da interpretação racional, pois "não adianta o conhecimento se ele não for afetivo, por que só o que transforma um afeto é outro afeto". Eu posso falar que a vida é linda, que arte é maravilhosa, que a filosofia é interessante, que o conhecimento é importante, etc., mas se, se permanece acreditando no signo que é a gramática, na palavra como verdade, nada disso funciona, por que nada disso afeta, não move (e não é experienciado por) quem diz. E por mais que alguém de argumentos racionais que fazem com que concorde-se e chegue-se a mesma conclusão, se a conclusão for apenas lógica, a concordância será um ato persuasivo que foi imposto por causas externas, ou seja, foi-se obrigado a concordar porque racionalmente a premissa tem lógica e logicamente isso seria a melhor coisa a se fazer, isto é, eu concordo no mundo das idéias sem concordar verdadeiramente como um todo. Assim, por essa lógica tentamos adaptar a idéia ao corpo, as ações, forçamos racionalmente em nós mesmo uma experiência que não tivemos por que acreditamos na palavra.

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  9. TOM: Isso quer dizer que temos que abandonar a razão e a gramática?

    JERRY: não. essas coisas fazem parte da vida. Ela tem a sua utilidade. O que temos que fazer é mudar nossa relação com elas. Ao invés de usar a mente para impor ao corpo o que se determinou de forma abstrata como sendo o melhor - dissociado do corpo e da vida-, seria muito mais eficaz usá-la para tentar compreender o que me afeta enquanto estou afetando e sendo afetado; ou seja, porque o que faço o que faço - não o porquê no mundo das idéias dissociado da vida, o porquê do mundo real -, o que esta me motivando, quais são os valores e afetos que estão em jogo, o que me afeta, o que faz com que continue fazendo tal coisa ou porque não a fiz, o que se encontra de prazer nisso - provavelmente, não só prazer fisiológico, químico, sensório, mas também subjetivo e simbólico- etc.. Caso façamos essa investigação - ou na medida em que investigamos-, e entendemos a gênese dos afetos, temos alguma condição de influenciar as próprias escolhas. Temos que compreender que os nossos desejos seguem os nossos afetos aumentando a nossa potencia de agir, nós podemos fazer do conhecimento como o mais potente dos afetos. Fazer essa investigação faz com que não caiamos em armadilhas de se pensar que nós somos seres regidos por um determinismo, ou que somos puramente puncionais, ou que temos um livre-arbítrio. Alias, Normalmente quando pensamos o livre arbítrio, pensamos que temos escolhas livres, um poder de decidir as coisas arbitrariamente e livremente de qualquer outra. O arbítrio nós temos, podemos escolher, porem é um erro pensar que ele é totalmente livre nessas escolhas, porque quando afirmamos que temos um livre-arbítrio, estamos afirmando que a nossa mente raciocina e que pode chegar a uma verdade lógica que determina a melhor coisa para si mesmo, no entanto, como uma disse um velho amigo "penso o melhor, faço o pior", ou seja, tentamos aplicar ao corpo, nas ações, na vida - na qual vai ter que se submeter - essa escolha livre. Um exemplo simples elucida as coisas. Você certamente conhece gente que gosta de fumar, o corpo dessas pessoas sentem prazer no cigarro, mas sabemos também que essas pessoas sabem que existem inúmeros discursos que dizem que o cigarro faz mal a saúde e causa muitas doenças; às vezes movida por esses discursos elas até tenta parar de fumar, mas o corpo não deixa, ele quer ter prazer, então para resolver a questão ela tenta ser um pouco mais exigente, mais esforçada, se empenha mais, mas não dá de todo certo, por que o corpo não quer.

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  10. TOM: ok, mas eu ainda não entendi muito bem o porquê que a pulsação se contraí?

    JERRY: a contração por si não é de todo ruim, ela faz parte da pulsação, ela é importante na vida. Diante de uma ameaça real de morte, num assalto, num ataque de algum animal, ou quando uma criança quer por a mão no fogo, é preciso que haja essa defesa, essa é uma função adaptativa. Por outro lado, se somos expostos o tempo todo a contração inativa, chega uma hora em que a capacidade de sentir não se faz presente criando assim as couraças. Todavia, muitas pessoas partem do principio de que todos os males vem do corpo que deve se contrair, e que a razão tem como tarefa combater esses males. Isso ocorre quando acreditamos na dicotomia corpo e alma (corpo e alma, cultura e natureza, etc.). Por exemplo: supondo que o indivíduo se assusta com as suas próprias pulsões ativas, inclusive com suas pulsões reativas ou adaptativas que vem do corpo, e pensa e chega à conclusão logicamente de que, por vezes, ao se sentir descontrolado com essas pulsões elas sempre significam descontrole, e em reação a esse tipo de descontrole a melhor coisa a se fazer é contrair qualquer tipo de pulsão, vemos que, freqüentemente tentamos controlar, no sentido de barrar, o resultado final disso. Pois a moral funciona em cima do medo do pior. É só concebendo que a pulsão é originariamente sempre destrutiva é o que vai fazer com que a moral funcione, e com isso se submeta a algo que vai contra a potencia de agir, é como se a moral falasse: "olha só! você vai arriscar? daqui a pouco você pode se descontrolar, fazer um coisa não pensada, ruim, que pode trazer conseqüências para si mesmo e, talvez até, para coletividade. então não arrisca, segue a moral de cara que vai te preservar", só que ao fazermos isso, estamos sendo impedindo de compreender por que houve naquele momento o descontrole, portanto é uma maneira de não entender mais nada. Ao invés de usar mente como vigia do castelo, ela pode ser usada para compreender os afetos e a realidade, assim não há necessidade de vigiar o corpo, o que significa dizer que, seria melhor pensar sobre o que se sente - e não contra o que se sente- e por que se sente, para podermos assim, aos poucos, transformar aquilo não seria bom, e expandir aquilo que nos fortalece. Fazer isso é uma libertação para a mente e para corpo que são uma coisa só. É uma libertação também de atribuição de sentidos para as nossas ações, enquanto que a moral diz: "existe um sentido ou um pequeno leque de sentidos que não ameaça a si mesmo e a coletividade, se você pensar para fora desses limites, você pode surtar, se descontrolar, ficar agressivo, etc., portanto, vamos aderir às significações pré-estabelecidas em prol da sobrevivência individual e coletiva".

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  11. TOM: isso quer dizer que há pouco espaço de expressão?

    JERRY: parece que sim, socialmente os nossos espaços de expressão, por vezes, tendem a diminuir devido aos modelos de condutas existentes (que podem anulam a pulsação e singularidade e) que são sociamente aceitas e aprovados mais do que outros. Pois a possibilidade de sobrevivência do homem na sociedade esta vinculado a construção dos valores que definem comportamentos. Um ser humano não consegue sobreviver se não tiver essa complementação que é a cultura, e o que é essa complementação se não a construção de limites. No entanto, ao criarmos limites eles passaram a ser a finalidade e não o meio - já que permite controlar a pessoas como disse. Assim, o homem construiu uma imagem para si a qual esta sempre tentando se adaptar ao modelo estabelecido pelos valores pré-estabelecidos. Desse modo a expressão fica cada vez mais reduzida. Pois se o afeto exige a expressão (o des-limite) e se a expressão não é possível, talvez, por isso evitamos sentir, porque se você sentir, de algum modo, vai se expressar, então para não se expressar, é melhor não sentir, é melhor segui o modelo certo, correto – que preserva.

    TOM: por exemplo?

    JERRY: É muito discutido atualmente no dito mundo do consumo que, o contato freqüentemente é feito na mais fina superfície, seja com uma coisa ou com varias delas, a impressão é que, ele não pode se aprofundar nem descer as camadas da couraça. Como ilustração, basta vermos as relações humanas que implicam, num certo sentido, um compromisso com o outro, um compromisso de afetação, e, um dos efeitos inevitável é que quando existe aproximação provoca-se ou prazer e/ou desprazer - tanto em si quanto no outro. Indo mais além, esse contato profundo com a vida do outro e se abismar nela significa reconhecer que temos que entrar em contato com a vida que existe dentro de nós e isso envolve a perda de si, “perder a si mesmo é querer se encontrar em lugares mais amplos”. A idéia então seria se satisfizer pouco na relação por que ao se satisfazer pouco se sabe que poderá se satisfizer mais quantitativamente, mas essa satisfação tendera a ser efêmera. Caso se satisfaça muito esse muito vai ser minado pela duvida - e que talvez pudesse se realizar mais de outra forma. Liberdade de escolha atual nas relações (mas não só) significaria a liberdade de poder escolher sempre, isto é, de não escolher nada ou nunca escolher definitivamente.

    TOM: creio que já chegamos aonde queríamos...

    JERRY: acredito que sim caro amigo. Até aqui viajamos juntos nesse dialogo, e nele não faltaram obstáculos, abismos, subidas e descidas. Juntos, percorremos retas, nos apoiamos nas curvas, descobrimos caminhos. Chegou o momento de cada um seguir viagem sozinho... Que as experiências compartilhadas no percurso até aqui sejam a alavanca para alcançarmos a alegria. A despedida é necessária antes de podermos nos encontrar, talvez, uma outra vez. Que nossas despedidas sejam um eterno reencontro.

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