SEGUE-ME?

30 de junho de 2012

Segregado


Eu tenho um segredo e você tem a chave. Sabes bem que possui, e ainda me fez acreditar que é capaz de quebrar toda essa corrente hermética que me circunda. 
O irônico de tudo isso é que fugimos um do outro, por um medo legítimo de acreditar que toda essa reciprocidade é real. 
E caminhamos em lados opostos, mas com o pensamento em sintonia. Talvez seja por isso que penso tanto em você, e você em mim, como me disseste hoje. O nosso encontro dá-se nos pensamentos, e no espírito que alimenta essa chama que aquece o nosso sentimento, mesmo na distância. 
A sua ausência é uma presença triste, mas que me completa de um modo que não sei mensurar, e que não me cabe descobrir. 
Você sabe abrir os meus sorrisos nesse semblante rijo, como ninguém. Sabe amolecer esse meu coração desalinhado e esse meu âmago prolixo que se entrega, quando te ouve, quando te vê. E você entende tudo sem que eu pronuncie um vocábulo sequer. Você tem a fórmula para me decodificar, e o seu olhar é o mar que eu mais gosto de singrar. E me diz sempre, com esse seu ar de peripécias, que gosta muito de mim, e eu sempre desacredito. Desacredito em tudo! Mas no fundo eu sinto que isso arde, queima, e eu nunca soube te convencer sobre o contrário das entrelinhas, que são realmente a verdade. 
Mas eu fujo e tu foge. 
E ficamos sem nos falar, sem nos ver... 
E quando a ausência me sufoca, a minha vontade é de sair correndo desgovernadamente, desnudar a minha alma na sua presença, e encher a tua cabeça de confusão... me despir desse atravanco que me puxa praí, do seu lado... mas eu resisto, cruzo os dedos e caminho sozinha com esses nós que não desatam... 

O diagnóstico é preciso: as nossas almas não nos pertencem mais, e eu não sei como parar de te ter aqui dentro dela, pois não estou mais no comando da situação...



(Naná)
27/06/2012



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