SEGUE-ME?

2 de dezembro de 2013

"Noites..."


O que fazer com as noites que se estendem sob os ombros, feitos cargas pesarosas de rumores silenciosos, de passos trépidos? 
O que fazer com os nós que se vestem de corda-bamba, que dão passagem à anodinia intérmina e funesta? O que fazer com os ecos das vozes esdrúxulas, suspensas como molduras no cerne, com dentes afiados que abocanham o decoro da dor? 
Onde acostar o corpo esquálido e flutuante pela consciência macilenta, que dedilha os póros? 
Onde esconder as mãos, as pernas, os braços, os olhares... a tez, que se mostram prostrados pela exaustão do decurso contumaz, perdulário de canções sem versos e (des)compassos? 
Como burlar os contornos das palavras, escorregadias e sem rima, que soçobram, como esboços, na pilha de papéis que escrevo, mas que vejo apenas borrões de sentidos? 
Onde habitam os resquícios de desfastio? 
Onde a luz não se mostra tão séria, ao acompanhar o semblante jocoso, enquanto a dor dança em passos vagarosos, no escuro? 
Em qual caminho perdi a rima do rosto, a poesia das mãos, e o desprendimento dos pés? 

(Naná)
28/09/13




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