O que fazer com as noites que se estendem sob os ombros, feitos cargas pesarosas de rumores silenciosos, de passos trépidos?
O que fazer com os nós que se vestem de corda-bamba, que dão passagem à anodinia intérmina e funesta?
O que fazer com os ecos das vozes esdrúxulas, suspensas como molduras no cerne, com dentes afiados que abocanham o decoro da dor?
Onde acostar o corpo esquálido e flutuante pela consciência macilenta, que dedilha os póros?
Onde esconder as mãos, as pernas, os braços, os olhares... a tez, que se mostram prostrados pela exaustão do decurso contumaz, perdulário de canções sem versos e (des)compassos?
Como burlar os contornos das palavras, escorregadias e sem rima, que soçobram, como esboços, na pilha de papéis que escrevo, mas que vejo apenas borrões de sentidos?
Onde habitam os resquícios de desfastio?
Onde a luz não se mostra tão séria, ao acompanhar o semblante jocoso, enquanto a dor dança em passos vagarosos, no escuro?
Em qual caminho perdi a rima do rosto, a poesia das mãos, e o desprendimento dos pés?
(Naná)
28/09/13
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